quinta-feira, 31 de julho de 2008

Rosa Montero – Coração Tártaro


Mais uma história de mulheres de Rosa Montero. Em “História do Rei Transparente” há a história de uma mulher que perante uma guerra e a morte dos seus familiares, faz-se passar por homem para sobreviver. Transforma-se numa letrada guerreira. Na “Filha do Canibal” encontramos uma mulher que perante o misterioso desaparecimento do seu marido embarca numa aventura. Neste livro vamos encontrar uma mulher, também sozinha, que no decorrer de um telefonema ameaçador entra em pânico e inicia um percurso, um percurso pelas memórias da sua vida, da sua dependência da heroína (a branca, a rainha como ela a designa), do abuso do pai, da possessão de um irmão gémeo, da sua decadência, das suas fragilidades, das fragilidades das pessoas visitadas e principalmente um percurso pelos livros e histórias. Estas histórias vão influenciar a percepção que a personagem tem da realidade e até vão ser responsáveis pela sobrevivência desta mulher que vive constantemente perto de um precipício. Esta também é história de uma mulher que luta pela sua liberdade, será, esta também, uma particularidade dos livros de Rosa Montero.
Para mim foi bom ler este livro, quase terapêutico, visto que fui assaltado e ajudou-me a compreender o outro lado, onde também há vitimas. Perceber que somos todos escravos, toxicodependentes. A certa altura a personagem pensa “Cada qual constrói o seu próprio tormento.” – Penso nisto mas não utilizo para fins morais. Outros dos aspectos deste livro é o convite que nos faz a outras leituras: a de Jorge Luís Borges “História Universal da Infâmia” (que tenho em casa e vou já começar a ler) e “A Sangue-frio” de Truman Capote. É bom que um livro nos ligue a outros livros, como um link no hipertexto. É também disto que nós, os 7 Leitores, procuramos, as ligações. Acho eu, que tenho poucas certezas.

5 comentários:

Paula disse...

O que li de de Rosa Montero foi "Histórias de Mulheres" e achei uma excelente compilação de pequenas biografias de várias mulheres que (provavelmente como tantas outras não referidas)mostram história(s) no feminino. Li logo a seguir a "Vinte mulheres para o séc. XX" de Inês Pedrosa.
E entre a imensidão de livros que nos conduzem às diversas leituras, e que tenho separados para ler, está "Doze histórias de mulheres". Será que podemos falar de escrita, história, cultura no feminino? Também digo como O Tiago, que tenho poucas certezas, mas será que há um olhar diferente, no feminino?

JOSÉ FANHA disse...

Da Rosa Montero li um dos melhores livros dos meus últimos anos de leitor: "A louca da casa".

A louca da casa é a imaginação!

O livro é primoroso.

JFanha

Tiago Carvalho disse...

Eu acho que a Paula tem razão, há uma sensibilidade do feminino, há uma cultura do feminino que muitas vezes foi menosprezado e esmagado. Mas acredito que as mulheres introduziram na cultura uma mais valia. Rosa Montero é um bom exemplo entre muitos outros. Disto tenho eu a certeza embora falta-me conhecer ainda muito.

Anónimo disse...

Eu só li dela A louca da casa. Quase por acaso, sem saber nada da escritora, e adorei. Estou escrevendo despretenciosamente e para uso proprio algo como um "auxílio à memoria" e uma amiga que me conhece demais me deu o livro de Rosa para ler.
Estou procurando outras obras dela, pois ela é moderna e ligada visceralmente com estes trinta ou quarenta últimos anos loucos em que as mulheres passaram a dar a direção, não só no circulo privado mas também na vida pública.

cris disse...

vou colocar um link deste comentario p o meu blog, espero que n se importem...Boas leituras!