quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

ROMA, ROMA ROMA




Tinha ficado de olho neste autor, jornalista espanhol de profissão que, como correspondente do El País tem corrido mundo. Da sua estadia aqui ou ali foi escrevendo livros de “Histórias” sobre as cidades que habitou, Londres, Roma, Nova York.

As “Histórias de Roma” dão-nos uma leitura muito pessoal sobe a cidade eterna. A História e as histórias, as pessoas, a comida, o futebol, a política. Não se trata de um guia para turistas Nem pensar. Trata-se sim, de um livro que resulta de uma vivência

O autor leva-nos pela mão, quer dizer, pela palavra, através casas, ruas e ruelas, restaurantes e personagens tão reais como inesquecíveis.

Fala-nos da Roma Imperial e dos seus monumentos, do Vaticano, da corrupção dos políticos, nomeadamente das histórias de Berlusconi, e mostra-nos que os nossos políticos corruptos ainda são amadores perante a grandiosidade e descaramento dos negócios à italiana.

E também nos lembra a grandeza do cinema italiano relembrando Monicelli ou Alberto Sordi, a escrita de Leonardo Sciascia, ou mostra a inesperada formalidade dos italianos.e especialmente dos romanos.

No meio de uma infinidade de pormenores, fiquei algo espantado pela persistente presença do fascismo numa cidade que foi cabeça do regime de Mussolini e onde os sinais de pompa bacoca, de violência gratuita e tribal permanece nas claques da Roma e da Lacio, numa celebração semanal de ritos que bem gostávamos fossem afastados de vez para que a Europa das democracias pudesse florir em pleno.

Vê-se que Eric González gosta de gostar e gosta de partilhar com os seus leitores as coisas de que gosta e as surpresas com que se depara na sua vida de jornalista andarilho.

O livro é editado pela Tinta da China na sua deliciosa colecção onde tem vindo a publicar títulos que guardo com carinho sobre cidades e viagens verdadeiras ou inventadas. Livros que, além do mais têm um design gráfico simples e de rara eficácia e são objectos que sabe bem ter na mão.


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