segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Curta Viagem Sentimental


A propósito do Murakami, falou-se neste nosso espaço de “autores de supermercado”. Apesar da conotação pejorativa do termo, encontram-se excelentes livros nos supermercados. É o caso de uns saldos que uma cadeia de hipermercados esteve a fazer recentemente com livros editados há dez/quinze anos atrás. A minha biblioteca engrossou com vários livros comprados a preços do tipo 1 euro, 1,99 euros, 3 euros. Foi o caso (1,99 euros) de um curto romance publicado postumamente, pertencente aos últimos anos de actividade de Italo Svevo, um dos meus autores italianos modernos preferidos: “Curta Viagem Sentimental”. Nesta curta narrativa, o protagonista é um homem velho, o senhor Aghios, preso a um casamento feito já só de rotinas, que anseia pelo momento libertador da “cadeia” em que está preso proporcionado por uma viagem sozinho de comboio. Essa liberdade é inócua e feita essencialmente de sensações e pensamentos. Durante a viagem há encontros com duas personagens. Em primeiro lugar, um inspector de seguros anafado e muito senhor de si e das suas opiniões. O senhor Aghios sente-se muito próximo do filho mais novo, desajeitado e sonhador, deste inspector. Em segundo lugar, um jovem louro com aspecto doentio que faz a viagem prostrado. O senhor Aghios vem a descobrir que o jovem está envolvido num dilema amoroso entre um casamento com uma mulher rica e o amor (mais carnal) com uma criada da casa da sua futura noiva. Este jovem vem a revelar-se uma personagem mesquinha e surpreendente no mau sentido. Esta novela caracteriza-se ainda, tal como noutras novelas de Italo Svevo, por um final vasto e inconclsuvo. O livro inclui ainda dois excelentes contos: “A mãe” e “Vinho generoso”.
E tudo isto por 1,99 euros!!!!

2 comentários:

Tiago Carvalho disse...

Paulo Ventura
É preciso ter olho para se escolher, porque no supermercado ou nas livrarias há muitos livros que são uma perda de tempo.

Paulo Ventura disse...

onde se lê "perjurativa" deve ler-se "pejorativa"; desculpem o engano