quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A Biblioteca de Babel

Quando o editor Franco Maria Ricci passou alguns dias em Buenos Aires, na companhia de Jorge Luis Borges, sentiu-se motivado a propor-lhe a aventura de dirigir uma colecção de obras fantásticas que veio a denominar-se “A Biblioteca de Babel”. Jorge Luis Borges foi o responsável pela selecção dos contos e abre cada volume com uma introdução à obra e vida do autor seleccionado, bem como com uma apresentação dos contos. A Editorial Presença tem vindo a publicar os volumes desta colecção para meu (e de muitos) deleite. Uma palavra de apreço também para as capas de origem lindíssimas. Já foram publicados 9 volumes dos trinta originais que contemplam autores desconhecidos, esquecidos ou célebres. Para mim, até agora o melhor volume é a recolha de contos de Giovanni Papini, “O Espelho que Foge”. O último volume saído é de Kipling, denominando-se “A Casa dos Desejos”. De entre os contos seleccionados destaco “O Jardineiro”a história do percurso de um jovem órfão criado por uma tia até à sua morte nas trincheiras. A tia vai finalmente visitar a campa num cemitério com 20000 valas. Uma das peculiaridades deste conto é o facto de aí ocorrer um milagre. A tia ignora-o, mas o leitor sabe-o. O segundo conto que destaco é ”A Casa dos Desejos” em que uma senhora narra a outra uma história mágica e dolorosa em que existe uma misteriosa casa dos desejos em que se pode pedir que a casa leve embora uma coisa que atormenta outra pessoa. Os restantes contos, ancorados em batalhas e guerras, não me encantaram tanto.
Apesar de a selecção nem sempre ser homogénea em termos de qualidade (mas quem sou eu para pôr em causa o Borges), esta é sem dúvida uma colecção preciosa.

5 comentários:

JOSÉ FANHA disse...

Também sou fã da colecção e também acho que o melhor é o Papini. Foi uma descoberta que fiz pela mão do Albano Estrela.

Os contos são extraordinários. Do melhor que tenho lido. E descobri que nos anos 50/60 se publicaram vários livros de contos de Papini e já sei de um alfarrabista na Trindade onde custam 4 Euros cada livro.

Em compensação fiquei muito desanimado com o Chesterton. Tinha lido grandes elogios (nomeadamente do Borges) e, afinal, fiquei bastante aquém da expectativa que tinha.

Parece-me que há escritas que podem valer num momento mas depois perdem o brilho no correr do tempo.

Será este o caso, porventura.

Aceritam-se opiniões contrárias. Quem é que já leu?

Abraços

CARLOS V disse...

MEU CARO JOSÉ FANHA,
TAMBEM EU SOU UM LEITOR DE PAPINI.
É UM CONTISTA EXTRAORDINÁRIO E NENHUM DOS LIVROS DEVE DEIXAR DE SER LIDO E RELIDO.TIVE A SORTE DE O MEU PAI SER UM APAIXONADO DO PAPINI E O TER POSTO A MIM- (E AO MEU IRMÃO)- COMO LEITURA OBRIGATÓRIA,QUANDO TINHAMOS 17 ANOS.
TINHA A COLECÇÃO COMPLETA,QUE ESTARÁ COM O MEU IRMÃO.MAS COMO O JOSÉ DIZ É FÁCIL ENCONTRAR NA TRINDADE OU NO INÍCIO DA CALÇADA DO COMBRO "VENTURA E ABRANTES".
SE TIVER DIFICULDADES EU POSSO DAR UMA AJUDA.

ABRAÇO AMIGO
CARLOS V

Paulo Ventura disse...

Caros José Fanha e Carlos V, qual a morada exacta dos alfarrabistas? Fiquei ansioso para poder poder ler Papini de novo!!!!
Quanto ao Chesterton, partilho inteiramente da opinião do José.

Abraços,

Paulo Ventura

CARLOS V disse...

CARO PAULO,
NO INÍCIO DA CALÇADA DO COMBRO "LIVRARIA AVELAR MACHADO",NO LADO DIREITO DE QUEM SOBE.NO LARGO DA MISERICÓRDIA HÁ 3 ALFARRABISTAS,"OLISSIPO","ARTES E LETRAS" E "CAMÕES".CREIO QUE OS ENCONTRA.PARA QUE ELES OS PROCUREM PODE DIZER QUE VAI A CONSELHO DO CARLOS VENTURA.
ABRAÇO
CARLOS

Anónimo disse...

Olá a todos!
Há uns 10 anos atrás, pela voz de uma amiga,em Buenos Aires, ouvi pela primeira vez o nome de Jorge Luis Borges.Dez anos volvidos,e depois de ter lido e relido (como o próprio dizia: "o importante é reler")as obras completas de Borges, encontro esta colecção, que como já sabemos foi dirigida pelo próprio. O senhor Papini parece ser consensual entre todos nós (incluindo o Borges que disse ter encontrado neste escritor o mesmo ambiente das suas ficções).
Acabei hoje(17/11/08) a leitura do livro de Villier de L´Isle-Adam (nº6 na colecção) de onde destaco os contos "O convidado das últimas Festas" e "Vera". Também li o do Poe.Fi-lo com bastante satisfação! Nunca li Chesterton. Confesso que talvez por uma influência Borgiana também tenho uma grande expectativa neste escritor. Tenho o livro comigo e depois de o ler deixarei a minha modesta opinião aqui no blogue.Também é habitante da minha estante "A casa dos desejos" do kipling. Alguém leu?
Costumo dizer à minha namorada que não sei se tive a sorte ou o azar de ter começado pelo mestre. Ele também vai ser editado nesta colecção e por isso lá nos entraremos mais uma vez. Qual é a cidade do alfarrabista (Lisboa?!)
Um abraço para todos e boas leituras,
Pedro