sexta-feira, 7 de agosto de 2015

POR TRÁS DOS VÉUS


O romance histórico tem sido um dos campos mais vivos da literatura portuguesa dos últimos anos. Poemos lembrar nomes de autores como Miguel Real, Paulo Moreiras, Pedro Almeida Vieira, Isabel Stilwell, entre vários outros.

O trabalho dos romancistas que cultuivam este género exige a documentação sobre a época e a convergência com a busca de outras formas de pensar, outros modos sociais, outros desenhos da coloquialidade.

No entanto, o romance histórico não pretende mergulhar-nos totalmente no passado. Até porque o escritor deste género, se utiliza um esqueleto de investigação, trabalha depois nas fissuras que podem ser preenchidas pela criação das suas personagens e dos sus dramas.

Penso, de qualquer maneira, que o futuro conhecerá a história passada também através da ficção. É esse o encanto que tem este tipo de romance que melhor cumprirá a sua função literária na medida em que escapar à tentação de deixar que o presente com as suas particularidades, as suas questionações próprias e o seu vocabulário se imponham e tornem a narrativa numa história banalizada e sem alma.

Raquel Ochoa tomou conhecimento de uma história verdadeira e esquecida de que ouviu falar em Marrocos e depois a investigou nos arquivos de Lisbo

1793, o herdeiro do trono marroquino ordenou, por razões de segurança, já que o país se encontrava em guerra, que a mulher, e outros membros da família real, assim como as concubinas do sultão, saíssem de Casablanca e fossem para Rabat.

Tempestades sucessivas e falta de conhecimentos nauticas levam as embarcações a aportar à Madeira, aos Açores e, finalmente a Lisboa.

Aqui, por ordem da rainha D. Maria I, um notável frei João de Sousa, arabista e membro da Academia de Ciências, mediou os encontros diplomáticos.

Há algo de um "O Nome da Rosa" em que Raquel Ochoa se influenciou ao desenvolver a figura deliciosa de Frei João, tradutor e investigador de mistérios que envolvem a comitiva marroquina e que põem em risco algumas das concubinas.

O choque entre hábitos muito diferentes dá origem a alguns episódios picaresco com os nobres e os mesmo nobres ansiosos por saber que beldades se esconderão por trás dos véus das concubinas.

No meio de tudo, Frei João dá voltas e viravoltas para evitar os conflitos de protocolo e tentar resolver o mistério que envovlve a comitiva
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Narrartiva divertida que põe em destaque o contacto entre duas civilizações que eram tão diferentes há cerca de dois séculos e que continua a ter muitas diferenças passado este tempo.


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