terça-feira, 8 de outubro de 2013
PULP
Charles Bukovski é um autor famoso pela sua marginalidade, pelo alcoolismo, pela poesia, pela rudeza das suas narrativas, pela linguagem grossa e fácil, sem nenhuma compaixã, nem respeito por elegâncias e estilos de escrita.
"Dei um gole de saqué, frio. As minhas orelhas arrebitaram-se e senti-me ligeiramente melhor. Sentia o cérebro a começar a carburar. Anda não estava morto, apenas num estado de rápido declínio."
Este é o seu último livro escrito à beira da morte. Um livro que se chama PULP e que podia chamar-se fatela, foleiro, rasca.
Uma espécie de roman noir, usando todos os truques do género, a linguagem mais básica e grossa do género, e uma narrativa completamente delirante, sem qualquer espécie de desejo realista. PULP é um livro a traço grosso, completamente pulp. Mas só aparentemente.
PULP é um romance escrito á maneira pulp, mas a sua trama ultrapassa em muito o básico delírio deste tipo de romances. Logo o começo da acção é demasiado delirante para ser apenas pulp.
Um detective que bebe hectolitros de alcoóis diversos ao longo das páginas tem como primeiro cliente uma "gloriosa tontura carnal", a Senhora Morte. Pretende que o detective apanhe o escritor francês Céline que já devia ter morrido mas ainda circula pelas livrarias de Los Angeles.
Aparece outro cliente, empregado de uma agência funerária, que pretende livrar-se de uma fantástica mulher que é afinal uma extra-terrestre.
Fianalmente, um homem que quer que o detective encontre o Pardal Vermelho coisa que ninguém sabe o que seja e que tavez até possa ser a própria morte
Os vários casos misturam-se uns com os outros num banho de álcool, reflexões de filosofia barata e numa constante reflexão sobre a morte.
E é este característica que vai tornando conferindo à narrativa um carácter tão inquietante quanto pungente, tanto mais quando sabemos que o escritor escreveu esta história como um hino pulp às suas renitências, dúvidas e fraquezas, quando se encontrava ele próprio à beira da própria morte.
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