domingo, 30 de outubro de 2011

3 SANTOS INESQUECÍVEIS



“TRÊS VIDAS DE SANTOS”

EDUARDO MENDOZA

Há muito que queria ler este autor catalão. E foi um bom começo.

Prosa escorreita e cheia de uma irónia que se vai construindo tanto nas situações como no uso do verbo e do adjectivo certeiro e afiado.

O tio Vítor era “Era fraco de luzes” diz o autor de uma das personagens. É disto que se faz muito da boa literatura. Passei a andar por aí e a descobrir algumas pessoas de fracas de luzes. E a descobrir o acerto da escolha adjectiva do autor.

Os 3 santos são 3 inocentes, 3 tontos, 3 vítimas do acaso. Três homens que passam ao lado do entendimento social do que é o bem e o mal.

Trágicos ou cómicos, sempre desajustados, estes santos são parte de uma ideia equivocada, de um trauma psicológico, de um acaso da vida.

São desses seres que se arrastam pelo mundo com a sua luta interior e ninguém se interessa pelo seu aspeto, quase não têm representação física mas cruzam-se neles neles muitos dos grandes dramas dos seres humanos e, por isso, são excelentes habitantes de muita da melhor literatura nomeadamente da russa (Turgueniev, Tolstoi, Dostoievsky, Tchekov)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Ferdydurke

...

Os autores, com perícia e grande mestria poética, escondiam-se atrás de conceitos como Beleza, Perfeição Técnica, Lógica Interna da Obra, Férrea Consequência das Associações, ou ainda atrás da Consciência de Classes, da Luta, das Alvoradas da História e de outras ideias objectivas e anti-pantorrilheiras. Mas, desde o princípio, era evidente que estes versinhos, com a sua arte arrevesada e confrangedora pieguice, que não servem a nada e a ninguém, formavam uma linguagem secreta e complexa, e que devia haver alguma razão específica e de sobeja importância para que tantos sonhadores sofríveis compusessem aquelas extravagantes charadas. E, com efeito, após um longo tempo de reflexão, consegui verter para uma linguagem inteligível o conteúdo da seguinte estrofe:

O POEMA

Os horizontes estoiram como garrafas
a mancha verde eleva-se às nuvens
regresso à sombra dos pinheiros -
e de lá:
sorvo de um só gole

a minha primavera quotidiana.


A MINHA VERSÂO

Pantorrilhas, pantorilheiras, pantorilheiras
Pantorrilhas, pantorrilhas, pantorrilhas, pantorrilhas
Pantorrilhas, pantorrilhas, pantorrilhas, pantorrilhas, pantorrilhas -
Pantorrilha:
Pantorrilha, pantorrilha, pantorrilha

Pantorrilhas, pantorrilhas, pantorrilhas.

...

Ferdydurke


Um livro burlesco, satírico, experimental e iconoclástico do mais original escritor polaco do século XX, Witold Gombrowicz (1904 - 1969), autor de livros marcantes como "Cosmos" e "A Pornografia".

Józio é o herói desta insólita trama "Gombrowisquiana". Tendo completado trinta anos e renunciado abandonar a sua imaturidade, acaba por ser raptado pelo seu ex-professor, que após um superficial exame de latim e sobre advérbios, obriga-o a voltar aos bancos da escola dum liceu conhecido pela excelência dos seus professores e pelo modernismo dos seus métodos. O absurdo da circunstância exige da sanidade do protagonista uma contínua adaptação ao surrealismo das situações que se sucedem umas às outras.

Mas em reacção, o tornado infantil Józio, disseca todo o processo colocando a nu o ridículo dos condicionamentos subjacentes à norma social relativamente à vida quotidiana, às relações de classes, às obras-de-arte, à etiqueta, à moralidade, à sexualidade e às mentiras culturais engendradas pela ideologia e pela inteligentsia de serviço. E tudo isto numa linguagem satírica de grande originalidade, que cria situações absurdas e hilariantes, que descreve os personagens arquetípicos com um escárnio feroz e reduz ao ridículo as atitudes ditas modernas (hoje seriam pós-modernas) e os tiques mentais dos agentes da cultura oficial em todas as suas vertentes.

Uma leitura refrescante e libertadora.

Também digna de nota é a qualidade extraordinária da tradução levada a cabo por Maja Marek e Júlio Carmo Gomes directamente do polaco.

Orfeu B.



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A CRISE NA LITERATURA ou A LITERATURA DA CRISE



Camilleri foi autor de guiões para televisão e de uma série de romances de cariz policial que tem como personagem principal o inspetor Mantalbano (cujo nome é óbvia homenagem ao escritor catalão Manuel Vasquez Montálban, por sua vez autor das aventuras do detetive particular Pepe Carvalho).

A escrita de Camilleri é ligeira, rápida , recebendo obviamente a influência da escrita para televisão e cinema. Uma ou duas pinceladas breves dão-nos a personagem. Não se perde na volta da palavra. Investe na situação, Avança na narrativa. Não dá muito descanso a quem lê.

Este romance é muito apropriado a estes tempos de crise. Passa-se em Itália, entre gestores, directores e administradores de um grande grupo económico.

Estas personagens vivem mergulhadas numa girândola de golpes e contra-golpes, corrupção, mentiras, ausência absoluta de valores éticos, jogo de influências, violência, traições, baixa política, promiscuidade a todos os níveis, sexo obsessivo.,

Explicado com clareza temos aqui um retrato cru e frenético do neo-liberalismo (especificamente do italiano no caso) e do desastre a que tem conduzido as economias ocidentais.

Por aqui se movem as personagens belas e elegantes mas grotescas e repelentes que conduzem a acção e onde até, por vezes, se tornam em vítimas das suas próprias maquinações.

Camilleri leva-nos rápida e facilmente nas asas da sua escrita e nós agradecemos a boleia.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

The Anglo Portuguese News



Arcádia

Notícia de uma Família Anglo-Portuguesa

Ana Vicente

Editora Gótica


O primeiro livro de Ana Vicente que me chegou às mãos era para crianças, chamava-se “O H Perdeu a Perna” e tinha ilustrações de Madalena Matoso. Talvez por associação à Madalena e pela frescura da história imaginei a Ana uma jovem moça. Algumas trocas de mails depois, desfeito o equívoco, descobri-a dona de uma já longa vida e rica de múltiplas actividades. Uns tempos depois foi publicado este: “Arcádia - Notícia de uma Família Anglo-Portuguesa”, estávamos em 2006. Hoje, ainda não nos conhecemos pessoalmente, ela já editou mais livros para crianças e a Gótica, que editou este, já não existe. Recentemente chegou-me o convite para o lançamento de um outro, na minha lista de leituras futuras: “Memórias e Outras Histórias”, uma edição Temas e Debates/Círculo de Leitores. E eu voltei a Arcádia de cuja leitura guardo excelente memória.

A história, a das vidas de Luiz de Oliveira Marques e Susan Lowndes, pais de Ana vicente, leva-nos numa longa viagem no tempo entre Portugal e Inglaterra atravessando a vida da família durante cerca de oito décadas.

A escrita, resultante de uma detalhada pesquisa de correspondência e testemunhos de pessoas que privaram com o casal, decorre num tom muito suave. Ana Vicente conduz-nos, sem se interpor mas também sem ser asséptica ou destituída de sentimento, num registo de memórias que é, aliás, uma tradição quer do lado inglês, quer do lado português desta família.

Susan e Luís conheceram-se no Hotel Inglaterra, no Estoril, quando Susan passava férias em Portugal. A mãe dela tinha ficado em Inglaterra a terminar mais um livro. Marie Belloc Lowndes era autora de policiais. Um dos seus livros, “The Lodge”, foi várias vezes adaptado para cinema, uma das quais por Alfred Hitchcock, ainda no tempo do cinema mudo.

Luiz tinha vivido doze anos em Inglaterra, primeiro como estudante e depois trabalhando no Banco Nacional Ultramarino. Começara a trabalhar quando o seu pai sofre a crise da queda do escudo, em 1921, após ter gasto mais de duzentos contos na construção de um palacete de habitação, escritório, armazém e rendimento na Calçada de Santos, e deixa de lhe poder enviar a regular a mensalidade.

Quando se conheceram, corria o ano de 1938 e Luiz Marques era director do APN (The Anglo Portuguese News), o primeiro número do jornal, saído a 20 de Fevereiro de 1937, custava 1 escudo (o Diário de Notícias era vendido por 50 centavos). O APN, jornal quinzenal, foi uma importante referência para toda a comunidade inglesa em Portugal.

Susan e Luiz namoraram por carta criando aí espaço para a emoção e hesitações sobre as mudanças que seriam necessárias para uma vida em comum. E por carta combinaram os preparativos do casamento que aconteceu em Londres, quatro meses depois do primeiro encontro.

Escreve Luiz: “Minha querida, dei um passo momentoso. Aluguei uma casa. Trata-se definitivamente de andar ideal e por isso achei que não devia perder esta oportunidade. É o primeiro andar de um prédio muito antiquado (…)A renda é de 545 escudos, pouco mais de 4 libras o que eu acho barato (…)” Este primeiro andar de um prédio na Rua José Fontana, nº12 virá a ser a casa da família.

Susan escreve no comboio a caminho de casa de uns amigos: “Gostei imenso das fotografias, em particular de ti em bebé. Espero que o nosso seja parecido. Os Pinney querem emprestar-nos a casa para a lua de mel. Acho que vais gostar. Fica no condado de Dorset, a a cerca de seis milhas de Bridport, onde podemos ir ao cinema(…)”

Susan dizia de si: “nasci e cresci londrina numa família muito dedicada às letras . Vivíamos no bairro de Westminster, ali à sombra da abadia , ao nº 9, Barton Street. Era como uma aldeia no coração de Londres.“ O seu pai propôs-lhe estudar em Oxford o que ela recusou, lamentado mais tarde tal recusa. “Eu pertenci à última geração de raparigas que não estavam preparadas nem tal lhes era pedido, para ter uma carreira profissional autónoma.” No entanto foi uma mulher independente e activa, estranhava que as mulheres da família do marido fossem apenas mães e esposas, e trabalhou, ao lado do marido, na redacção do APN. O jornalismo foi a principal actividade do casal.

Apesar de Susan nunca ter aprendido a falar ou a escrever português correctamente, as suas conversas intelectuais decorriam sempre em inglês, isso nunca a impediu de se relacionar. Era uma mulher que convocava muita simpatia e sempre disponível para ajudar e intervir civicamente. Um traço que, por certo, influenciou a filha.

Acompanhamos as notícias do rebentar da Segunda Guerra. É muito interessante o relato dos comentários e preocupações de quem está em Lisboa, dos refugiados e dos seus familiares durante os bombardeamentos de Londres e de todas as complicações da guerra.

São inúmeros e deliciosos, ao longo do livro, os registos de cumplicidades, detalhes do quotidiano revelando planos, custos, dificuldades da vida. Alguma contenção e austeridade apesar da posição social correspondente às famílias de ambos.

No Verão de 1940, no mesmo ano em os Duques de Windsor passam por Lisboa, Luís Marques comparece na conferência de imprensa, como jornalista, alugam, por 15 libras, durante dois meses e meio, uma casa em S. Pedro de Sintra, com um grande alpendre, jardim e, o que era raro, esgotos. Quando o gato, Titus, morre Susan recebe uma carta de pêsames pelo passamento do bichano.

No Verão de 1947 Susan e uma amiga, Ann Bridge, dão a volta a Portugal num automóvel. Duas mulheres a viajar sozinhas não era comum na época. Desse périplo resultou um livro que foi, originalmente, publicado em 1949 e diversas vezes reeditado. “The Selective Traveller in Portugal”. Nunca houve referência a esse livro na imprensa portuguesa ou interesse de alguma editora e só recentemente foi publicado no nosso país, numa edição da Quidnovi: “Duas Inglesas em Portugal”, um excelente e rigoroso roteiro da época, de locais e de mentalidades, e ainda actual em alguns lugares.

Passamos pelos anos 50 quando toda a roupa de menina ou senhora era confeccionada por medida depois de aturadas provas, pelos momentos de nascimento dos filhos, viagens e relatos de pessoas e acontecimentos que vão passando pelas suas vidas.

Nem Susan nem Luiz escreviam diários mas organizavam a sua vida em agendas onde anotavam todos os seus inúmeros compromissos sociais. Tiveram uma vida social muito preenchida. Eram ambos crentes e praticantes. Susan escrevia em cada agenda, em cada ano: “Sou Católica. Em caso de acidente é favor mandar vir um sacerdote.”

Luís é conceituado como tradutor “capaz de traduzir poemas de Chaucer para português medieval fazendo-o rimar”. Um dia tendo uma dúvida numa tradução telefona a um amigo, Director da Biblioteca Britânica, que promete fazer uma pesquisa e telefonar depois. Passado algum tempo Luiz Marques recebe um telefonema da Embaixada Britânica colocando-lhe uma questão e exclama desesperado: “mas sou eu que tenho essa dúvida!”

Luís, faleceu a 1 de Outubro de 1976. Muitas cartas chegaram testemunhando a perda de uma excelente pessoa. Susan escreveu: “o nosso casamento foi muito forte e durou quase 40 anos”

Susan continuou a coordenar a edição do APN, com ajuda da sua secretária Maria Luísa Ferreira. Fizeram-se várias exposições sobre o jornal, considerado uma fonte para a história da comunidade inglesa durante segunda Guerra Mundial. O jornal foi comprado por Nigel Bartley, em 1979 e só chegou ao fim em 2002.
Susan morreu a 3 de Fevereiro de 1993. Um artigo de Francisco Hipólito Raposo intitulado: "Goodbye, Mrs. Lowndes" enaltece a sua vida, sensibilidade, interesses e humor.

Um livro de leitura, indubitavelmente, útil e muito agradável atravessando a história desta família, vivendo na sua “Arcádia”: essa região da Grécia Antiga onde os habitantes viviam um contentamento inocente.
No meio dos problemas da vida e do quotidiano a invejável ventura de uma relação de mútuo afecto, respeito e atenção ao próximo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

À BEIRA DO ABISMO



Creio que terá sido lá pelos 12 anos que vi NO CINEMA "THE BIG SLEEP" ("À Beira do abismo").

Não nasci no tempo da televisão. Já tinha 10 anos quando o pequeno écran começou a entrar pelos cafés e pela casa dos mais abonados. Dava para ver o Eusébio, o Festival da Canção e o Villaret.

Mesmo assim, andei pouco pela televisão. Cresci com cinema. A partir dos 10 na Promotora, cinema de reprise no Largo do Calvário, Lisboa. Ao fim-de-semana e nas férias. Dois filmes pelo preço de um.

Depois fui alargando pela cidade. Muitas vezes sozinho, corri quase todos esses deliciosos cinemas, O "Palhinhas", o Paris, o Chiado-Terrace, o Lys, etc, etc.

Vi de tudo. Filmes americanos dos anos 40 e 50, mexicanos de fazer chorar as pedrinhas da calçada ("La Nobia" foi demais), cow-boys a granel, filmes históricos, de guerra, musicais, de polícias e ladrões, comédias com o Jerry Lewis, o Cantinflas, M. Hulot... Sei lá, sei lá que mais.

Julgo que vi o "THE BIG SLEEP" antes de ter lido o livro.



Depois li-o várias vezes na vida. A primeira deve ter sido na velha colecção vampiro. Depois, volta e meia, lá vai. Editado vezes sem conta, a última pelo Jornal o Público, não sei se li todas as traduções e todas as edições mas devo ter andado lá perto.



Chandler seguiu o estilo de Hamett. Ou terá sido o contrário? Fui ver as datas. Primeiro "A relíquia Macabra". Sam Spade. Philip Marlowe é o seu émulo.

No entanto, na minha memória, os dois têm a mesma cara, o mesmo jeito, a mesma forma única de conviver com as sombras do perigo: falo de Humphrey Bogart que mais do que Spade ou Marlowe será sempre para mim o Rick de Casablanca.



Ambos os autores trabalharam sobre uma figura de detective duro e solitário, cínico e íntegro, senhor do seu nariz, capaz de dizer que não às mais fantásticas loiras platinadas ou às carteiras mais bem recheadas, de conduzir um raciocínio para lá da nossa inteligência envergonhada e de despachar em menos de nada os mais terríveis assassinos.

É o romance negro, modelo de uma América cheia de podres mas também de gente que não precindia dos valores. Uma América onde os gangsters dominavam as ruas e os escritores iriam ser encostados à parede pelos esbirros dessa figura sinistra que foi o Senador McCarthy.

Volto sempre a lê-los com emoção e com a noção de que estes romances trabalham sobre alguma tipicação simplista mas a verdade é que, quando lhes pegamos só os largamos no fim.


sábado, 1 de outubro de 2011

DO PRAZER DA ESCRITA AO PRAZER DA LEITURA



Devo confessar que sou, leitor atento e agradecido do Afonso Cruz.

Ilustrador, músico, agricultor e escritor, senhor de uma cultura sólida em vários domínios, da literatura e da filosofia a muitos outros domínios, o Afonso é daquelas pessoas para quem uma vida só é curta para o muito que tem para dizer e fazer.

Conhecemo-nos de raspão, cruzámo-nos 2 ou 3 vezes, temos um livro em comum. Não me canso de recomendar os seus livros aos meus amigos desde o primeiro que foi "Os livros que devoraram o meu +pai".

A primeira coisa que salta da leitura dos seus livros é o prazer de escrever em Afonso Cruz, aliado ao gosto de fintar o leitor, abrindo sucessivos alçapões em que mistura citações reais com outras inventadas, personagens da História com outros de ficção e ainda alguns retirados de ficções alheias como é o caso de Helen e Schwartz saídos de "Uma noite em Lisboa" de Erich Maria Remarque, que se cruzam com o pintor Joseph Sors, a personagem central desta novela que se inspira, por sua vez, numa personagem real de que o autor diz pouco saber e que terá sido um judeu refugiado em casa de seus avós durante a 2ª Guerra Mundial.

Sors é uma personagem sui generis, um pintor que pinta olhos. Olhos fechados e olhos abertos. E que reflecte sobre o desenho, a arte e a vida de forma muito particular como na altura em que fala de:

"... um plátano que se despia no Inverno como se o frio lhe fizesse calor."

A aparente "naifeté" desta escrita resulta de uma sólida cultura literária, filosófica e artística e de um raríssimo sentido de ironia como na voz de uma personagem que afirma que:

"... que a metafísica sem duas pessoas a gritar não passa de ciência exata como a matemática".

Do prazer da escrita ao prazer da leitura vai um passo. Digo eu. E se esta afirmação pode nem sempre ser verdade, neste caso é-o plenamente.