Foi
pela voz de um grande contador de histórias ( Filipe Lopes ) que conheci a poesia de José Luís
Peixoto e posso
dizer que o “embate” foi forte. O Filipe leu o poema “na hora de pôr a mesa,
éramos cinco” e eu fiquei atordoada, apertando as mãos à força das lágrimas que
teimavam em espreitar (e acho que não fui muito bem sucedida no disfarce...).
Daí à leitura integral do livro foi “o passo de um anão”...
Posso dizer que a leitura não é simples e está longe de ligeira (o que, na minha opinião, só abona a favor do livro). Pelo contrário, é trabalhosa e requer uma grande envolvência, quase íntima, com cada palavra.
Este livro não se deixa florir com o simples gesto de folhear as páginas, é preciso tempo para ler até se ouvir o ritmo certo de cada estrofe, que não se impõe, deixa-se descobrir a quem o quer encontrar. Mas não é essa, afinal, a magia da verdadeira Poesia?!
É como se José Luís Peixoto quisesse ter a certeza que quem lê os seus poemas se dá ao trabalho de realmente os ‘ouvir’. O hábito de ler silenciosamente é razoavelmente recente na nossa sociedade e no caso deste livro, e porque não dizer em todos (ou pelo menos quase todos), essa modernidade faz perder parte do encanto do texto escrito. Dá muito mais trabalho e é muito mais difícil ouvir as palavras ditas de lábios cerrados...
Posso dizer que a leitura não é simples e está longe de ligeira (o que, na minha opinião, só abona a favor do livro). Pelo contrário, é trabalhosa e requer uma grande envolvência, quase íntima, com cada palavra.
Este livro não se deixa florir com o simples gesto de folhear as páginas, é preciso tempo para ler até se ouvir o ritmo certo de cada estrofe, que não se impõe, deixa-se descobrir a quem o quer encontrar. Mas não é essa, afinal, a magia da verdadeira Poesia?!
É como se José Luís Peixoto quisesse ter a certeza que quem lê os seus poemas se dá ao trabalho de realmente os ‘ouvir’. O hábito de ler silenciosamente é razoavelmente recente na nossa sociedade e no caso deste livro, e porque não dizer em todos (ou pelo menos quase todos), essa modernidade faz perder parte do encanto do texto escrito. Dá muito mais trabalho e é muito mais difícil ouvir as palavras ditas de lábios cerrados...
Tive de lutar com a minha dificuldade em escolher uma pequena amostra “Como isolar um sabor de um bolo de várias camadas feito?” A escolha inicial era o poema que já referi, mas essa por tão óbvia peca pela facilidade. Assim deixo aqui este raminho de cheiros para aguçar o apetite.
“ainda que tu estejas aí e tu estejas aí e
eu esteja aqui estaremos sempre no
mesmo sítio se fecharmos os olhos
serás sempre tu e tu que me ensinarás
a nadar seremos sempre nós sob
o sol morno de julho e o véu ténue
do nosso silêncio será sempre o
teu e o teu e o meu sorriso a cair (...)”
José Luis Peixoto
Leitora convidada: Liliana Lima
Fundadora
dos Contos da Lua Nova. Contadora de
Histórias e Formadora
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