sábado, 21 de setembro de 2013

A PALAVRA E A LUZ


José Tolentino de Mendonça é o poeta que mais me emociona na sua geração e a sua obra tornou-se seguramente imprescindível, se quisermos conhecer o que de melhor se fez na poesia portuguesa das últimas décadas.

Madeirense, filho de pescador, JTM faz do diálogo com a natureza um caminho que parte do olhar para que desaguar na palavra. Não se trata da palavra liquída, óbvia, imediata, elegíaca, mas aquela que recolhe memórias de pessoas e sítios, de textos e reflexões, pedaços de filmes ou canções, veredas para um outro conhecimento que levam o poeta à boca do mundo.

Quando a sua poesia atravessa as cidades, ainda aí vai procurar a transcendência, nos recantos mais obscuros, nos anjos negros dos becos,nas margens mais perdidas, nas canções de quem traz pássaros feridos a voar na voz.

Sacerdote católico, estudioso e exegeta da Bíblia, JTM afirma que "A fé é uma ardente e incessante interrogação". Dessa interrogação e do encanto perante o mundo faz Tolentino de Mendonça o seu percurso de poeta, num ofício aparentemente sereno mas afinal inquieto, tecendo a sua poesia de momentos comoventes que nos aproximam da Luz. Ou de Deus.

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