sábado, 19 de fevereiro de 2011
A LOUCURA DOS QUE NOS GOVERNAM
Sim, quase todos nós sabemos que Hitler, Estaline, Mussolini eram loucos. Mas nem todos sabemos das enfermidades que atormentaram alguns políticos que, em certos momentos, os terão inibido de exercer as suas funções na plenitude das suas faculdades. Este terá sido o caso de John Kennedy, sofredor de muitas maleitas físicas, que ocultava recorrendo constantemente a tratamentos vários. Ora, talvez tivesse sido num momento de maior acuidade dos seus males que ordenou o disparate da invasão de Cuba, e provocado, assim, o desastre da Baía dos Porcos.
Isso e algo mais nos diz o escritor, neurologista e político britânico David Owen, na sua obra “En el poder y en la enfermedad” (edição espanhola da Siruela). Obra que vem referenciada em extenso artigo da escritora e jornalista Rosa Montero, publicado na “Babélia”, suplemento cultural de “El País”.
Artigo que me fez recordar o desequilíbrio emocional de que dava mostras um nosso primeiro ministro (Vasco Gonçalves), no período que se seguiu ao 25 de Abril. E também não pude deixar de recordar as crises de hipocondria de Salazar que, em determinados dias, lhe dificultavam o exercício do poder. E não pude ainda deixar de pensar em certos comportamentos de políticos que hoje nos governam ou nos querem governar.
Rosa Montero termina o seu artigo com a evocação da “hybris” dos gregos:
“ Segundo Ésquilo, os deuses invejavam o êxito dos humanos e enviaram a maldição da “hybris”, a doença do excesso, da soberba absoluta, da perda do sentido da realidade.” “Hybris”, doença que muitas vezes se associa a um outro desmando psicológico, “ o pensamento de grupo”. O pequeno grupo que se fecha em si mesmo, rejeitando todas as ideias, as opiniões que considere diferentes das suas.
Exemplo flagrante é o que ocorreu recentemente no Egipto, em que Mubarak, já extremamente doente, continuou a governar (com o apoio do grupo que o rodeava) contra ventos e marés, isto é, contra milhões e milhões de concidadãos que exigiam a sua renúncia ao poder.
Mas não serão apenas os políticos que são afectados por este mal. Também os intelectuais, os escritores, os criadores em geral, apresentam, muitas vezes, sinais evidentes de tal desequilíbrio. A “hybris” não escolhe profissões, classes sociais ou raças para se manifestar. Afecta, sim, todos aqueles que querem roubar, um pouco que seja, do fogo sagrado dos deuses.
Moral da história: bem- aventurados sejam os humildes, de quem as divindades nada têm a temer.
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