domingo, 24 de abril de 2011

LITERATURA E FEITIÇARIA



Mia Couto é um contador de histórias e um feiticeiro na oficina das palavras. Sabe comboiá-las. Sabe fazer com que se torçam e contorçam como artistas do grande circo da literatura.

É claro que sabemos que literaturas há muitas. Modernas e pós-modernas e outras que nem uma coisa nem outra. E são sempre pontes de palavras que vão do escritor para o peito de outras pessoas, mesmo aquelas que nunca o leram. Ou que vão do escritor para sítio nenhum , ou melhor, para um estranho deserto onde alguns leitores encontram uma trave ou um degrau da grande casa da sua desolação.

A literatura do Mia é uma ponte que vai longe no coração das pessoas e na respiração da terra.

Os poemas deste livro são exactamente o que são e não o que outras pessoas que andam com definições de poesia no bolso quereriam que eles fossem.

A poesia do Mia não é muito diferente dos seus contos e dos seus romances. É a voz de um homem que trabalha do lado da amabilidade, da humanidade, do grande fogo preso de quem se apaga perante as mãos, os olhos, as alegrias e o sofrimento dos seres humanos em seu redor, para, num acto de magia, transformar a escuridão em luz, e a luz no bailado das borboletas que são as suas palavras.

Muitas destes poemas são histórias pequeninas, retratos inesperados de gente vista por dentro, pequenas frases, quase aforismos. E sobretudo são declarações de amor pelo amor, pelos homens seus vizinhos, pela mulher, pela vida.

2 comentários:

Vera de Vilhena disse...

Que forma tão boa de celebrar o Dia do Livro e que bela homenagem que fazes aqui! Vai para a lista, claro. Gosto imenso de Mia Couto.

Atlas disse...

adorei esse livro, sou um leitor assiduo seu



Amarrações de amor