terça-feira, 13 de dezembro de 2011

“necesarios son en la madurez los carteros capaces de recibir cartas que sólo un loco puede ser capaz de escribir”


                                            
"Kafka y la Muñeca Viajera"
                                                   
Jordi Sierra i Fabra
                                                     
Editora Siruela

Conta-se que um dia Franz Kafka se cruzou com uma menina que chorava uma boneca perdida, no parque Steglitz, em Berlim onde morava em 1923.
Conta-se que Kafka tentou consolá-la dizendo-lhe que era um carteiro de bonecas e que, por acaso, tinha recebido uma carta da boneca da menina, que a prometeu levar no dia seguinte e que durante três semanas escreveu cartas que leu à menina contando as aventuras da viagem da sua boneca
A história foi contada por Dora Dymant, que nessa época vivia com Kafka, à crítica Marthe Robert e ao escritor Max Brod.
Kafka morreu no ano seguinte e as cartas da boneca ou a sua destinatária jamais foram encontradas. 
80 anos mais tarde Jordi Sierra i Fabra conta essa história no livro "Kafka y la Muñeca Viajera" (um livro,  com ilustrações de Pep Montserrat,  vencedor do Prémio Nacional de Literatura Infantil y Juvenil do Ministério da Cultura Espanhol, em 2007). 
Fabra reinventa a menina, Elsi, a boneca perdida, Brígida, e um Kafka feito carteiro atento e terno diferente do que conhecemos de outros processos e metamorfoses. Nós, leitores, sabemos que a boneca está perdida mas sentimo-nos cúmplices querendo que Elsi acredite nas aventuras impossíveis de uma boneca. Pelo meio Fabra faz-nos cruzar com o relacionamento de Kafka e Dora, com a cidade Berlim entre guerras e com algumas das suas angústias na escrita, num registo de ternura e redenção. Uma história encantadora para leitores sem idade.


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