domingo, 23 de dezembro de 2012

Mortalidade


The new land is quite welcoming in its way. Everybody smiles encouragingly and there appears to be absolutely no racism. A generally egalitarian spirit prevails, and those who run the place have obviously got where they are on merit and hard work.

Um breve e perturbador ensaio sobre a experiência de "viver morrendo" com um prazo de validade indeterminado, mas claramente à vista. Uma descrição impressionantemente lúcida do brilhante jornalista britânico, Christopher Hitchens, considerado por muitos como um dos mais dotados oradores dos nossos tempos, sobre o inevitável declínio do corpo e da mente devido à acção destrutiva do cancro.  

Um breve volume que nos brinda com uma análise subtil e corajosa dos aspectos definidores duma personalidade, precisamente quando esta está em vias de sucumbir sob o avanço da doença. Particularmente tocante é o capítulo sobre o desaparecimento da voz, sintetizado por uma citação do poeta W. H. Auden, "All I have is a voice".  

Linhas intensas e profundamente tocantes sobre a transformação da linguagem quando da instalação da doença: "idioma local da cidade do tumor (local Tumorville tongue)"; o tumor no esófago, caracterizado como "um cego, um  estranho desprovido de emoções (blind, emotionless alien)", etc.

Linhas coerentes e extraordinariamente dignas de um dos mais eloquentes arautos da racionalidade no combate contra a superstição e o pensamento primitivo que durante o curso da história da humanidade tem engendrado infelicidade, obscurantismo e destruição. Christopher Hitchens faleceu em Dezembro de 2011.


Orfeu B.

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