quarta-feira, 3 de julho de 2013

O TEATRO DA LEI


Com a prática deste blog tenho descoberto a distância que vai da leitura à escrita. E também como a escrita nos ajuda a consolidar a leitura. Quando lemos com o propósito de vir a escrver, mesmo que seja só para consumo própio, somos obrigados a ir mais fundo que o simples entretenimento

Por isso este exercício se torna por vezes difícil de manter sobretudo quando o dia-a-dia é balburdento e o tempo escasseia

A leitura não a deixo. Mas quando quero parar para escrever, ao fim do dia, não me sobra a felicidade da preguiça tão importante para estruturar o escrito. Por isso se acumulam as leituras com que quero infectar os amigos e os leitores deste blog e escaseia o tempo para tornar esse desejo em palavra escrita.

Parece que agora o tempo chegou Tenho muitos livros lidos de que quero falar. Pequenos e grandes prazeres que quero partilhar. E começo por "Os dois irmãos" do meu amigo Germano de Almeida.

Por volta sw 1976, a seguir à ind, deixando Maria Joana, a jovem esposa, na aldeia. Ao longo do tempo, André vai-ze afastando

3 anos depois recebe uma carta do pai a anunciar-lhe que o irmão mais novo se envolveu com Maria Joana desonrando assim não só o marido como toda a família.

André tem uma ternura especial pelo irmão e regressa à aldeia para tentar encontrar alguma solução pacificadora. Mas toda a aldeia, começar pelo pai, lhe exige que mate o irmão.

21 dias depois de regressar, André mata o irmão e é levado a tribunal acusado de fratricídio.

A narrativa é conduzida com mão de mestre por Germano de Almeida, num balanço que vai do julgamento aos acontecimentos que o provocaram e confronta as várias versões e testemunhos com a verdade, ou a possível verdade, na busca da resposta à grande dúvida: até que ponto André terá sido apenas a mão de uma justiça ancestral que se recusa a conjugar-se com os critérios de uma justiça moderna. E se André terá porventura de ser condenado à luz da justiça oficial, tornar-se-á um herói perante a sua famúilia e a sua aldeia.

A história é baseado em factos verídicos e Germano de Almeida foi na realidade o agente do Ministério Público que fez a acusação ao fratricida.

O que é brilhante é ter conseguido construir uma história concentrada e multifacetada, com um ritmo que nos agarra pelos colarinhos e que mostra como se pode narrar histórias verídicos não do lado da estrita realidade jornalística mas do lado do puro talento talento e da arte literária.


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