domingo, 16 de março de 2014

Zetética


Zetética é a ciência que investiga formas de organizar a informação e usa-la criativamente. Foi sugerida e desenvolvida pelo engenheiro, inventor  e professor de engenharia electrotécnica da Universidade de Illinois, Joseph Tykociner (1877-1969). Tykociner, um judeu polaco que imigrou para os Estados Unidos em 1905, construiu neste país a sua reputação como inventor e tem o seu nome associado à invenção do cinema de animação sonora. Em 1959, Tykociner publicou o seu primeiro escrito sobre zetética e a sua perspectiva era a de criar um processo de investigação da informação que permitisse aumentar o corpo do conhecimento, uma visão extremamente contemporânea e com claras ligações à World Wide Web.

Etimologicamente, o termo zetética tem origem na palavra grega zetetikos, que significa procurar ou inquirir. Na Grécia antiga, os filósofos da escola céptica eram designados por Zetéticos ou investigadores. O pioneiro da álgebra, Francois Viete, usava, em 1590, a palavra para designar as quantidades conhecidas e desconhecidas numa equação. Alguns dicionários referem-se à Zetética, no contexto matemático e filosófico, como o conjunto de preceitos para solucionar um problema ou investigar as causa de alguma coisaHá também derivações algo nocivas do termo que o utilizam para designar cepticismo relativamente ao saber científico, investigação do paranormal e perspectivas heterodoxos da ciência e da filosofia.  

Tykociner, atribui à palavra zetética o sentido de uma metodologia, o método zetético, que consistia no processo de organizar o conhecimento adquirido segundo uma matriz e utiliza-la para obter a informação desejada num dado contexto bibliográfico. Mas para Tykociner, a Zetética era mais que uma ferramenta para bibiotecários, porque permitia a ampliação de horizontes ao arquivar e sistematizar o conhecimento segundo os métodos de investigação que foram utilizados na sua obtenção, os meios de  produção artística, os processos mentais, os factores psicológicos e as condições ambientais de modo a dar origem a novos problemas, estimular a imaginação criativa, guiar o pensamento selectivo, e dar origem a ideias frutíferas e originais. Tal organização incluiria como material factual básico toda a informação concernente à origem das descobertas, invenções, trabalhos de arte, e grandes sistemas filosóficos. Sistematização que teria sempre como objectivo aperfeiçoar os métodos de inquirição, através da expansão do escopo da metodologia científica, e identificar no corpo do conhecimento as lacunas que propiciassem a formulação de novos problemas.  

O opúsculo "Taxiology of the Pictorical Knowledge" que aqui apresentamos, sintetiza as principais ideias de Tykociner contidas no seu "Outline of Zetetics" de 1966. Os editores dizem-nos: "Este volume é a chave que abrirá ao leitor a porta para o mundo encantado do conhecimento. Ao longo das páginas desse volume, o leitor encontrará em palavras e fotografias a fascinante história do nosso progresso, do passado distante, quando os nossos ancestrais fizeram as primeiras descobertas, até os nossos tempos, quando novas maravilhas estão a ser reveladas por meio do trabalho dos nossos cientistas." A obra contem uma quinzena de páginas, onde nos é exposto o principal das ideias de Tykociner, e estas são ilustradas com cerca de duas centenas de fotografias que visam ilustrar os aspectos associativos e metodológicos da Zetética. 

A leitura do breve texto não permitiu, ao autor que agora escreve, atingir um grau de entendimento muito profundo sobre as propostas de Tykociner, porém ele não pode deixar de exprimir o seu deleite relativamente à compilação de fotografias e a riqueza de ideias e associações que elas engendraram.  

Quanto à proposta Zetética, o autor destas linhas tem a sensação de ter sido um zetético desde sempre. 


                                                          
Orfeu B.


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