Como pequeno (pequeníssimo) editor que sou, vou tentando estar atento ao que se passa no domínio da edição. E algo se passa. Algo de novo, que está a revolucionar o meio editorial, nomeadamente nos Estados Unidos. Estou a referir-me às edições que têm a Internet como veículo.
Colocado o texto “em linha” (com ou sem o apoio de uma casa especializada), o autor aguarda a reacção do público. Se houver interessados, estes terão de pagar uma determinada quantia para cada cópia que seja “descarregada” para o papel.
Em 2008, nos Estados Unidos, foram editados mais títulos via Internet do que pelos processos tradicionais. Inclusivamente, há casas que trabalham apenas nesta área editorial, oferecendo aos autores serviços variados: formatação, capas mais cuidadas, correcção do texto. Os preços praticados são consideravelmente inferiores aos das editoras tradicionais.
Em França, diz-nos o “Figaro Littéraire”, começam a surgir estes serviços, com um número crescente de clientes. Se há editoras exclusivamente dedicadas à edição “em linha”, outras há que, sem abandonar a edição tradicional, abriram departamentos especializados nesta forma de editar. E, quando o número de exemplares da “edição numérica” atinge um determinado valor, a obra passa a ser editada pelos processos tradicionais. Eis, pois, um mecanismo inteligente (e seguro) de prospeccionar o mercado, portanto de minimizar os riscos financeiros inerentes ao investimento em novos autores ou em autores pouco conhecidos.
Estamos, assim, perante novas perspectivas de mercado no campo da edição. Embora Portugal não tenha o mesmo número de “escritores de gaveta” que existe noutros países europeus (principalmente em França), estou em crer que haverá algumas centenas de interessados dispostos a pagar preços módicos pela edição dos seus originais – assim se lhes ofereçam oportunidades.
E não quero deixar de fazer um comentário final: se a complementaridade entre diferentes formas de edição, difusão e circulação de obras literárias, já é um facto, o futuro se encarregará de aprofundar, de incrementar o que está apenas no início.
2 comentários:
É pena ser o primeiro a comentar. Está interessante o artigo,até o reencaminhei para mais pessoas o lerem. Abraço
Caro Amigo Albano
Mas era mais ou menos disto que eu lhe falava há tempos, de uma nova forma de fugir à literatura à tonelada.Não sabia que já se fazia, mas penso que vai ter futuro.
Um abraço
Boavida
Enviar um comentário