Eu cá gosto muito de fazer anos; é um dia em que nos divertimos imenso lá em casa. Esta manhã, quando a mamã me veio acordar , disse-me:
- Levanta-te depressa, Nicolau. Tenho uma surpresa para ti.
- É um carrinho? - perguntei eu. - Um vagão de mercadorias para o meu comboio? Uma caneta? Uma bola de Râguebi?
- Não - disse a mamã. - É um pulôver.
E então eu fiquei decepcionado, porque as coisas para vestir não são surpresas a sério, mas, como não queria causar nenhum desgosto à mamã, não disse nada, levantei-me, fui lavar-me e, quando voltei para o meu quarto, a mamã mostrou-me o pulôver, que era azul-claro, com três patos amarelos, cada um por cima do outro, e eu desatei a chorar.
- Que aconteceu? - perguntou-me a mamã.
- Não quero vesti-lo -disse eu. - Todos os meus amigos vão gozar comigo na escola!
- O dia começa bem... - disse o papá. Ouvi-vos gritar. Que se passa?
- Passa-se que o senhor Nicolau não gosta do pulôver novo que lhe comprei - disse a mamã.
- Não vou para a escola com este pulôver! - berrei eu.
Então o papá deu um murro na mesa.
- Nicolau! - gritou ele. - Fazes favor de não falar nesse tom com a tua mãe! E quando ela te oferece qualquer coisa deves agradecer-lhe e ficar muito orgulhosos de a usares.
- Então - disse eu a choramingar - , porque é que tu nunca usas a gravata que a mãe te deu?
- A gravata? - disse o papá. A gravata? A gravata não é para aqui chamada.
- Bem, lá isso é verdade - disse a mamã. Não usas essa gravata muitas vezes. Não gostas dela?
Então o papá e a mamã discutiram e a mamã disse que ia para casa da mamã dela que é a minha vovó.
Fui para a escola ter com os meus amigos. Estava muito ansioso porque à hora do lanche os meus amigos vão vir à minha festa de anos. O tempo nunca mais passava!
Fui almoçar a casa e brinquei com o urso de peluche que ainda tem um pouco pêlo porque a máquina de barbear do papá avariou.
Finalmente os meus amigos chegaram com prendas maravilhosas: uma data de coisas de chocolate. A mamã diz que só de ver aquilo tudo fica maldisposta do fígado. Quanto a mim é só depois de as ter comido que fico maldisposto, mas gosto muito.
Divertimo-nos à brava! O gordo Alceste, que come muito depressa, foi o primeiro a ficar maldisposto. E logo a seguir ficámos todos, menos o Joseph que é magro como tudo, mas que consegue comer bastante porque arranjou um parceiro formidável: ele tem a bicha solitária que fica maldisposta em vez dele.
A mamã telefonou a todas as mamãs dos meus amigos para que os viessem buscar o mais depressa possível. As mamãs chegaram e assim que entravam ficavam todas com cara de poucos amigos. Pegavam nos filhos delas pela mão e arrastavam-nos para fora de casa enquanto diziam à mamã que não cabia na cabeça de ninguém empanturrar as crianças daquela maneira.
A mamã, essa, ficou sentada no cadeirão, a olhar para lado nenhum. É preciso dizer que a sala de jantar se encontrava um pouco em desordem e havia algumas nódoas.
Á noite, a seguir ao jantar, a mamã trouxe um bolo de anos! Soprámos as velas e eu comi quatro fatias de bolo! Fiquei um pouco maldisposto!
O papá e a mamã emganaram-se foi nas velas. Havia um cinco e um zero!
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