sábado, 22 de agosto de 2009

MILLENIUM


“OS HOMENS QUE ODEIAM MULHERES”

“A RAPARIGA QUE SONHAVA COM UMA LATA DE GASOLINA E UM FÓSFORO”

STIEG LARSSON

Stieg Larsson, jornalista e activista de esquerda, não conheceu o sucesso que os seus livros têm conhecido por toda a parte. Escreveu os 3 primeiros livros de um projecto de 10 e, depois, caiu para o lado com um acidente cardio-vascular quando o primeiro dos livros saiu para as livrarias.

A série de três livros com o título geral de MILLENIUM insere-se na onda de popularidade do policial nórdico onde se contam (publicados em Portugal) os suecos Liza Marklund e Henning Mankell, as norueguesas Karin Fossum e Anne Holt, ou a islandesa Irsa Sigurgardóttir

Na sua última entrevista, Stieg Larsson afirmou, a propósito destes romances, que só pretendia produzir entretenimento. Mas um entretenimento que não virasse as costas ao mundo em seu redor. E, desse mundo, a sociedade sueca em primeiro lugar, Larsson dá-nos uma imagem negra de corrupção, perversidade, cinismo, crime e, acima de tudo, de um mundo que procura manter alguma aparência de organização e decência mas que perdeu o respeito pelas regras que faziam a superioridade da social-democracia sueca.

Stieg Larsson põe em causa os sistemas psiquiátrico e judiciário suecos, não poupa os bancos e os grandes financeiros, ataca a questão da violência sobre as mulheres, aflora a questão das máfias e do seu cruzamento com as polícias secretas.

Não estamos, é claro, no campo da grande literatura. Quanto a isso não haja dúvidas. A narração é ágil mas, frequentes vezes, é repetitiva e cheia de explicações para leitores pouco atentos. As personagens são pouco mais do que (bons) bonecos de BD, recortados numa aventura com muito de uma lógica do tipo “Indiana Jones”.

Deve ser essa lógica, essa urdidura de mistérios e surpresas, que nos faz ler quase sem parar. E também a certeza de que os bons hão-de triunfar no final.

Apesar de tudo, e mesmo sem grande profundidade, temos uma personagem notável: Lisbeth Salander, inspirada na famosa Pipi das Meias Altas, heroína da televisão sueca sem grandes preconceitos nem respeito pelo politicamente correcto.

Lisbeth é uma espécie de Pipi moderna. Magricela, cheia de tatuagens e pierciengs, praticante de boxe, dominando toda a moderna tecnologia de telemóveis aos computadores. Foi violada em jovem, internada em instituições psiquiátricas, considerada associal, violenta e atrasada mental.

No entanto, Lisbeth é uma hacker de fatásticos recursos, motard, bisexual, lutadora implacável, uma rapariga com um profundo e muito próprio sentido de justiça.

Ela vai ser o contraponto do jornalista de investigação Blomqvist do jornal Millenium (que dá o nome à série), que desempenha o óbvio papel de um Indiana Jones do jornalismo que procura descobrir e expor nas páginas da sua revista os podres e os escândalos que atravessam a Suécia.

Os livros leem-se como quem come torradinhas. É verdade. 500 ou 600 páginas cada livro que não custam nada a ler e que, no meu caso, também pouca deixaram. Cumpriram apenas a função de fazer passar tempo. Um bom entretenimento e a certeza de que o mundo das democracias em que vivemos está doente. Ou sempre esteve?

4 comentários:

Alda Couto disse...

Não sei se já tive oportunidade de dizer mas fazia-me falta um blog assim, que sugere e sintetiza leituras.
Obrigada

Rosa disse...

Acabei de ler "Os homens que odeiam mulheres" que me foi oferecido por um amigo.Confesso que desconhecia o autor e a obra.
Concordo com o comentário aqui feito: lê-se bem, mas não nos acrescenta nada. Apesar disso comprei o segundo, hoje... talvez reminiscência da adolescência em que devorava todos os policiais.

Rosa disse...

Acabei de ler "Os homens que odeiam mulheres" que me foi oferecido por um amigo.Confesso que desconhecia o autor e a obra.
Concordo com o comentário aqui feito: lê-se bem, mas não nos acrescenta nada. Apesar disso comprei o segundo, hoje... talvez reminiscência da adolescência em que devorava todos os policiais.

Anónimo disse...

Foi viciante a leitura destes 3 volumes. Sei que não é grande literatura, ou talvez é. Pouco interessa, fez-me não parar e isso conta muito. Agora estou com vontade de não perder este ritmo.