sábado, 18 de fevereiro de 2012
O TEMPO E O DESERTO
Ponto Ômega é o termo criado por Pierre Teilhard de Chardin para descrever o último e máximo nível da consciência humana. Chardin advoga que a evolução humana tem um ponto final, quando todas as consciências se fundirão numa só e a humanidade é um único ser que habita o planeta inclusive fora de nossos corpos e mentes.
Ponto Ómega é o título deste livro de DeLillo, autor que nunca tinha lido. Estava na imensa lista das minhas mais graves falhas de leitura. E gostei muito e fiquei com vontade de conhecer mais.
Ruchard Elster é um intelectual que colaborou com o Pentágono na conceptualização das manobras da guerra do Iraque. Elster afirma que a verdadeira vida tem lugar apenas quando estamos sozinhos a meditar, a sentir, perdidos das nossas memórias.
Elster vai viver para o deserto, onde julga poder anular o tempo e afastar-se de tudo o que perturba o encontro único consigo próprio.
Um jovem realizador de cinema pretende fazer um filme num único plano-sequência, com uma única personagem.
Escolhe Elster e vai ter com ele ao deserto onde tenta convencê-lo a participar nesse seu projecto.
O quotidiano dos dois torna-se num longo diálogo sobre a vida, o tempo, a guerra, até ao aparecimento da filha de Elster que, subitamente, introduz uma inflexão dramática que nos mostra a impossibilidade da dissolução no nada do deserto ou no absoluto da alma.
Escrito brilhantemente, o romance tem dois capítulos (o peimeiro e o últrimo) particularmente notáveis e inquietantes. Trata-se da descrição das sessões no MOMA à projecção do filme VERTIGO de Hitchcok passado a uma velocidade extremamente lenta.
Todo o romance trata disso mesmo: da possibilidade ou impossibilidade de caminhar para esse ponto ómega de que falava Chardin.
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