quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A URGÊNCIA DA POESIA

"VIM PORQUE ME PAGAVAM"

GOLGONA ANGHEL

Há muito que não encontrava poesia escrita e editada em Portugal com esta urgência, força, este sangue por dentro, esta raiva, esta vontade de gritar, esta intenção de inscrever a sua urdidura de palavras e sentidos e cacos de vida num discurso urgente que se parte estilhaça a página e espalha em seu redor recriminações, vidros, quebras, palpitações, e um óbvio desejo de caminhar num percurso de referências literárias e filosóficas de largo espectro.

Golgona não bebe no que tem sido a moda dominante da poesia melancólica encerrada nas malhas ténues de um quotidiano sem alma. Tem a ver com caminhos largos e marginais, buscas estridentes, música que se impõe através de colagens de sentidos com ressonâncias surrealistas e próximas de alguns dos poetas da beat generation.

Golgona é romena e vive há alguns anos em Portugal. Licenciada em literatura portuguesa e estudiosa da obra de Al Berto.

300 exemplares é a tiragem desta edição da Mariposa Azul, uma das pequenas editoras que estão a insistir na publicação de poesia em pequeníssimas tiragens.

De qualquer forma, a poesia continua e muito a refugiar-se no mundo da blogosfera com alguns autores de basta qualidade e muitos equívocos porventura bem intencionados.

Compra-se pouca poesia mas escreve-se muita. Talvez demais. Ou não. A poesia continua a ser a forma de muitos de nós falarmos em português. Poucos tão bem como esta poeta.

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