terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Instruções para salvar o mundo

Para mim todos os livros (que valem a pena ler) são “instruções para salvar o mundo”, ou antes “instruções para me salvar a mim, no mundo”. Porque, como já alguém disse, fazem-nos resolver problemas da nossa relação com este universo que, por vezes, é demasiado cruel. Por isso, à partida, este titulo do livro da Rosa Montero parece redundante. Mas não é! Apenas é uma caixa de surpresas, um antídoto para toda a malvadez, uma espécie de “conto de Natal” como afirmou o El Mundo (escrito nas abas do livro).

Alem das passagens maravilhosas que a Rosa Montero nos habituou nos seus livros, também temos um livro mais coordenado com a nossa condição de “seres suburbanos” nesta “aldeia global”. Suburbanos porque, mesmo que queiramos estar “in”, estamos sempre na margem, fora deste centro da existência que, cada vez mais, é unicamente virtual. Ninguém vive nesta cidade, apenas desejam viver. 

A história de quatro personagens (ou talvez mais) em queda acentuada num precipício e que vão acabar por se cruzar por circunstancias variadas. As personagens (um taxista viúvo, um médico desleixado, uma prostituta, uma ex-professora universitária) são uma espécie de mortos vivos, que rejeitam viver neste mundo, fogem para uma “second life”, para uma recordação ou simplesmente procuram um local vazio de anestesia completa porque a vida dói. As suas acções, algumas não intencionais, permitem uma espécie de inter-ajuda. Todas elas tem um momento breve de bondade, uma capacidade de nobreza quase raro nesta malha urbana atestada de corpos que se movem de um lado para outro sem saírem do SEU lugar. 





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