Escrevo desde Bruxelas, onde tenho estado nos ultimos dias. Peco desculpa pela falta de acentuacao, mas e um teclado frances aquele que estou a utilizar. Sempre que venho a Bruxelas faco uma peregrinacao por tres livrarias muito boas: Filigraine, Tropismes e a "very brithish", mas muito internacionalizada, Waterstones. Nesta ultima comprei o livro vencedor do Booker Prize e o livro que ganhou este ano o premio Pulitzer: o livro do escritor dominicano Junot Diaz "A maravilhosa vida breve de Oscar Wao". No domingo ao ler o El Pais, deparei me com um texto sobre sobre as longas e as vezes definitivas paragens dos escritores apos um exito. Descobri que Junot Diaz deixou passar onze anos ate voltar a escrever este livro! O seu anterior trabalho, uma antologia de contos, intitulada Drown, datada de 1996, converteu o na promessa literaria do seu pais. Numa entrevista ao El Pais, afirmou que esse periodo foi um verdadeiro inferno: "Nao sei como sobrevivi. Sou terrivelmente duro comigo mesmo, padeco da doenca do perfeccionismo". Sao recordados neste artigo autores que pura e simplesmente deixaram de escrever: o caso paradigmatico e o do J D Salinger que depois do "Catcher in the rye" afastou se da vida publica publicando apenas mais dois livros. Outro caso paradigmatico e o de Rimbaud que aos dezanove anos decidiu que ja tinha dito tudo o que tinha a dizer em poesia e converteu se, entre outras coisas, em traficante de armas. Porque estas renuncias temporarias ou definitivas? Estes casos tem algo em comum: depois de exitos muito grandes, os autores afastaram se da vida publica e da fama deixando de publicar. Noutros casos, a expectativa criada com um primeiro livro pode dar origem a um medo do fracasso. De qualquer forma reconheco paralelismos entre a vida de um escritor e a vida de um cientista (como e o meu caso e assim me defino, antes de professor universitario): e um trabalho solitario que, como se le no El Pais, pode gerar stress parecendo se muitas vezes a uma especie de tortura. Mas nada disto e capaz de quebrar, por si so, a vontade de um escritor, compositor ou cientista: esta e a sua vida e ama se o trabalho. Caros colegas, o que acham que pode estar mais por detras destas ausencias? Falta de ideias e uma razao que me vem a cabeca, mas so tenho experiencia de investigador.
Abraco da fria Bruxelas
2 comentários:
Talvez a incerteza. Um abraço da fria e húmida cidade de Aveiro.
Sem ser especialista no assunto, a questão da paralização da criatividade é muito importante para mim.Li há dias, por acaso, um excerto de um livro de Alice Miller, psicanalista suiça, em que fala justamente de Rimbaud,da sua poesia e do descalabro em que acabou a sua vida(curta).Tem a ver com uma questão emocional «paralizada», justamente. Na infância, sofreu horrores às mãos de uma mãe desalmada e louca. Graças a um professor que o apoiou, começou a escrever poesia. Mas as memórias da infância (adormecidas por um tempo),nunca o largaram. Por isso bloqueou, por isso se destruiu. Por outro lado, o perfeccionismo é ansiedade pura. Daí o medo de vencer, de realizar, de não conseguir criar. Talvez por isso, a solidão, o distanciamento das emoções, o distanciamento dos outros. Rimbaud destruiu-se, outras simplesmente, pararam. Não por causa da incerteza, mas por causa do medo. Talvez. Quase de certeza. Mas Miller aponta saídas. Há semrpe saídas, se quisermos ir mais fundo dentro de nós e «investigar» as razões do nosso bloqueio. Ese caminho é o único que vale realmente a pena fazer.
a.c.
Enviar um comentário