quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

“Seríamos piores do que somos sem os bons livros que lemos” Vargas Llosa






Florbela Espanca - Antologia Poética

Ilustrações de Joana Rêgo

Faktoria de Livros

Livros de poesia. Como falar deles? Talvez não falando… Lendo e sentindo apenas.

A poesia não se vende. A poesia devia ser dada se os poetas pudessem ser etéreos como as palavras mas não… São, também, de carne e osso. E os livros têm de ser anunciados. Os bons livros merecem-no e não é a qualidade por si que trilha caminhos até às mãos dos leitores.

Aqui cabe o espírito de falar dos livros, sem o pressuposto da crítica, deste lado há leitores. Aí, desse lado, leitores haverá e cada um toma o livro e o ama, ou não, a seu bel-prazer.

Esta Antologia é uma edição muito cuidada, belíssima, da Faktoria de Livros (uma chancela da kalandraka) a pensar no público infanto-juvenil e, como todos os bons livros para esse público, capaz de satisfazer a exigência de qualquer outro.

As ilustrações são de Joana Rêgo que convive e dialoga de forma exemplar com a delicadeza e com a força da poesia de Florbela Espanca.


Das inúmeras celebrações, que têm acontecido pelo país, a propósito do centenário da República, podemos fazer um balanço das conquistas inacabadas dos direitos das mulheres, no início do século passado, celebrar Abril e o seu legado e olhar para hoje e ver o quão ainda estamos, em pleno século XXI, presas a atávicas ideias.

É impossível ignorar Florbela Espanca que viveu como não era permitido viver às mulheres do seu tempo. Uma mulher que das dores da maternidade não cumprida ou dos amores infelizes nos legou, na ousadia de deambular pela vida e pelas suas paixões, uma poesia onde não há, oitenta anos volvidos sobre sua morte, a mais pequena marca/estrago do tempo.

Não haverá melhor maneira de a celebrar, no dia do aniversário da sua morte, do que lendo os seus poemas no deslumbre emocionado de serem belos e intemporais como só as paixões podem ser.

Um livro onde mora, mesmo ausente, o canto dolente de Florbela Espanca:

“Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...”

Para ler e olhar com o coração, perdidamente!

8 de Dezembro de 2010

Sílvia Alves

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