“La Bicicleta del
Panadero”
Juan Carlos Mestre
Calambur, 2012
Há dois tipos de leitores de Juan Carlos Mestre. Os que tiveram a ventura de o conhecer e
ouvir e os outros que o leêm apenas no timbre silencioso do
papel.
Acho poesia coisa de
brisa, de voz. Também acontece por vezes preferir não conhecer a
voz sabendo que nem todos os poetas são bons arautos dos seus poemas.
Mas não é o caso de de
Juan Carlos Mestre. É um gosto ouvi-lo. Uma emoção. Tem uma voz
cadente como se os poemas lhe nascessem naquele momento num improviso
detalhado, num acrescento para lá das palavras.
No dia em que chegou este
seu livro “A Bicicleta del Panadero” foi com a
lembrança da sua voz que li um e outro e outro poema...
Uma
voz que glorifica mas também troça e ri . Uma voz terna mas que
pode ferir. Uma voz de futuro mas que nos pode afogar em
desesperança. Um livro de poesia cheio de filosofia, povoado de
livros, leituras, de tralha guardada do passado e do que fica dentro
do seu atento olhar ao mundo.
Mestre vai escrevendo e lançando para o futuro
esses objectos de boas e más memórias, úteis ou inúteis, macios
ou contundentes mesmo pontuados por imensa ternura.
Quem
lê tem de se defender. Quem o ouve pode baixar a guarda porque a sua
voz e a música com que acompanha muitas das suas intervenções
envolvem em macieza a lucidez dolorosa com que constrói os seus
poemas .
“Argonautas” é um dos meus preferido e deixo aqui uma parte, a abrir o apetite a
quem se queira aventurar pelo mundo deste poeta, deste livro em
particular que conheço e recomendo: “La Bicicleta del Panadero”
“Argonautas”
“Te
amaré toda la vida dice ele pez pájaro a quien no es su igual
lo
igual es essa niña que contesta no, lo igual es la mano que
cierra
la porta
He
abierto uma cartilla de ahorros para comprarte algún dia
la
tentadora manzana que sale en las primeras paginas
de
la Biblia
(...)
A
mi edad un astrolábio, un sextante , uma aguja giroscópica
no
tienem secretos,
Estamos
adstritos as departamento de la juventude e de aquí
no
hay quien nos eche
Yo
te amaré toda la vida aunque tengas los pies en la cabeza,
la
cabeza como un crucigrama e los calcetines helados
como
pescadillas
(…)
Todas
las noches las lechugas cometen algún crimen pero hasta
el
chocolate es amargo, vida mia, y tú ya sabes que yo te
amaré
contra todo prognóstico.
No
te preocupes por nada, detrás de la ruleta de mi corazón
hace
buen tiempo e el 2 de Mayo há licenciado al pelotón
de
fusilamiento.
He
acertado todos los números de la rifa y me ha tocado un
collar
de perla de río
Duerme
tranquila
(...)
Te
amo, no puedo demonostrártelo, y eso era lo que queria
decirte.”
Juan Carlos Mestre
Podem conhecer um pouco mais deste polifacetado artista indo por aqui: http://www.youtube.com/watch?v=8QKlB8DU32w
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