segunda-feira, 28 de julho de 2008

ÂNCORAS

Desconfio sempre do novo-riquismo das citações quando servem para validar uma afirmação própria através do pensamento comprimido e mais ou menos em pastilha de um nome de indiscutível prestígio.

No entanto, e por outro lado, gosto de sublinhar os livros que leio. São âncoras que deixo ficar por ali a agarrar-me a memória. Às vezes são também sementes de outros voos. Ou peças de um grande puzzle que é este jogo de entender a vida através da leitura.

Por isso, aqui vão algumas

“- Ouve (o sino) sempre, porque assim, profunda e tranquila, igual ao sino maior da tua aldeia, assim deve soar a tua voz.
- Mas, madrinha – objectou a menina – , esta não é a minha aldeia.

- Mas há-de ser logo que a tua voz soe como o sino maior.”

Laura Restrepo, “A noiva obscura”,


“As histórias completamente verídicas só interessam à polícia”

Jorge Semprún, “Vinte anos e um dia”


“…a vida é uma sucessão de equívocos que nos conduzem á verdade.”

Roberto Bolaño, “Nocturno chileno”

4 comentários:

Rita Carrapato disse...

PORTFÓLIO, enquanto instrumento que reflecte a identidade leitora de cada um dos 7, parece-me uma palavra que se pode associar a este espaço de amor aos livros.
Interesses, autores, perspectivas comuns nas vossas viagens de leituras, ou não (como já está à vista), vão enriquecer este canto de partilha, motivando os leitores do lado de cá a experimentar este ou aquele livro para perceber porque é que ele faz rir, chorar… uns e não provoca qualquer emoção nos outros.
Obrigada aos 7leitores por nos permitirem entrar, também, na vossa viagem pelos livros.

Rita Carrapato

Paula disse...

"A minha vontade é forte, mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca." Carlos Drummond de Andrade.
Li algures, daquelas coisas que se lêem algures e nos ficam..... uma âncora! Mais uma...

Tiago Carvalho disse...

No livro que estou a ler de Rosa Montero "O Coração Tártaro" "A infância é o lugar onde se habita para o resto da vida."

Paulo Ventura disse...

Na entrevista à Zadie Smith publicada na revista Ler gostei particularmente deste excerto.

Há uns tempos, você disse o seguinte: “Quando leio romances, as suas falhas fazem parte do que me leva a gostar deles.”
É mesmo isso.
Não procura a perfeição?
Porque haveria de procurar? O romance perfeito não existe. Ao ler um livro que considero quase perfeito, como Pnin, de Nabokov, o mais certo é não encontrar lá as convulsões da alma que encontro em Dostoievski. Tal como não encontro em Dostoievski a delicadeza das belíssimas construções verbais de Nabokov. A Literatura é uma frase e cada escritor é uma palavra dentro dessa frase. O escritor total não existe. E ainda bem.