terça-feira, 29 de julho de 2008

Só resta o amor

Nos últimos tempos tenho lido vários livros de contos dos quais vos gostaria de falar. Inicialmente, pensei fazer uma espécie de súmula de todos (e foram ainda bastantes) os que li. Uma amiga mais ajuizada aconselhou-me a ir fazendo aos poucos, dando tempo a que haja alguma reacção da parte dos companheiros desta aventura.
Tinha que começar por algum lado e escolhi o Só Resta o Amor do galego Agustín Fernández Paz. Há nestes contos um fio condutor que os une. As vidas dos personagens experimentam as diferentes cambiantes da experiência amorosa. O livro começa muito bem com o conto Um silêncio ardente. Sara, uma executiva de sucesso num grande banco, mas leitora obsessivo-compulsiva como nós, vê abrir defronte ao banco uma livraria que passa a frequentar diariamente fugindo à pausa-café com os colegas. Uma manhã, quando se dirigia á secção de poesia, encontrou encaixado entre dois livros, um pequeno cartão. O cartão conduzia-a a um livro, mas num dos cantos da parte de trás, surgia escrito a lápis o seu nome. Os r vão-se sucedendo. O livro continua formosos e seguro até que me deparo com histórias de fantasmas pueris e perfeitamente previsíveis. Desiludiu-me muito e só me voltou a conseguir reconquistar verdadeiramente ao voltar a um estilo muito a la Paul Auster com o conto Uma fotografia na rua. Daniel encontra uma fotografia de uma mulher em frente do edifício da Reitoria da Universidade em Vigo. O coração acelera-se subitamente e ficou definitivamente atraído. Começa então uma demanda pela mulher da foto, mas nessa demanda infrutífera vai encontrando outras fotos da mesma mulher…Depois deste re-arranque o livro continua seguro e termina com outro muito bom conto, Um rio de palavras. Enfim, eu perdoo-lhe as histórias de palavras.
Uma palavra de apreço para as Edições Nelson de Matos que tem vindo a dar à estampa bons livros.
Abraços,

2 comentários:

JOSÉ FANHA disse...

O Nelson de Matos é um editor com uma respeitabilíssima história na cosntituição de notávais colecções e catálogos nas últimas décadas.

Essa é uma questão também interessante. Perceber a estratégia de cada casa editora. Quais os autores escolhidos. Quais os caminhos literários apontados ao longo dos anos.

Porque também eles, editores, são responsáveis pelas nossas paixões de leitores, pelas nossas alegrias, pelas nossas desilusões.

Da moderna literatura galega só conheço o Manuel Rivas de que li dois ou três livros (alguns também de contos) e de recordo um que me deixou memória muito forte: "O lápis do carpinteiro".

Abraços,

JFanha

CARLOS V disse...

CARO JOSÉ FANHA,

TODA A RAZÃO SOBRE O NELSON DE MATOS,EDITOR COMO POUCOS.

NÃO SENDO UM GRANDE LEITOR DE LITERATURA GALEGA,LI NO ORIGINAL "O LÁPIS DO CARPINTEIRO",QUE UM COLEGA ESPANHOL ME RECOMENDOU.
O QUE INICIALMENTE ME PARECIA UM LIVRO POLÍTICO,TRANSFORMOU-SE NUM CONTO DE POESIA.
NADA MAIS LI DO RIVAS.POR FALTA DE TEMPO,CREIO.
ABRAÇO AO PAULO PELO SEU BOM GOSTO.
PARA SI UM ABRAÇO IGUAL
CARLOS V