“Sei que o que faço não é literatura”
Dizem as estatísticas que John Grishman é o autor que mais livros vende no mundo: mais de 250 milhões, se contarmos com as traduções, que têm lugar em dezenas de países – Portugal incluído. Portanto, alguém praticamente imbatível, a suplantar Stephen King ou Paulo Coelho. Tanto êxito levou-me a comprar um dos seus romances, em que o suspense decorre de uma acção intensa, feita de intrigas, de traições de que o herói é vítima, enredado que está nas teias da lei, da política e da corrupção. Não tenho a certeza do modo como a história termina, pois não tive coragem de chegar ao fim, mas estou em crer que tudo terminou em bem…
Ora, na revista dominical de “El Pais” de fins de Agosto, vem publicada uma entrevista com John Grishman, que tem por título “Sei que o que faço não é literatura”, e na qual o autor se declara, aberta e legitimamente, como um fazedor de histórias, que têm como única finalidade o entretenimento do público – nunca, um autor literário. Para isso, obriga-se a publicar, no princípio de cada ano, um novo livro, afim de manter viva a chama da publicidade que foi montada à sua volta. Livros que têm sempre os mesmos ingredientes, para não desiludir os seus leitores, que esperam um produto de características conhecidas de antemão.
Diz-nos também que não pode dar-se ao luxo de parar, pois, se o fizesse, tudo o que havia feito ficaria irremediavelmente perdido, ultrapassado. E acrescenta: “No mundo do entretenimento e no da cultura popular, tudo obedece a ciclos, quer se trate de cinema, de música ou de desporto. São ciclos bastante amplos, que não se sabe quanto podem durar. E isso é particularmente verdade no caso da ficção.” O que o leva a ter um horário fixo de escrita diária, a fim de poder produzir, em bom ritmo, os seus “thrillers legais”: “Na nossa sociedade, na nossa cultura, há um apetite insaciável por histórias com um fundo legal. O mundo da lei é algo que fascina toda a gente.” Para ele, o livro ideal é aquele que leva o leitor a devorar as suas páginas sem conseguir parar. A descrição de ambientes, o aprofundamento de estados de alma, de sentimentos, constituem meros distractores de leitura, que os seus leitores não suportariam. Ao princípio, John Grishman sofreu os ataques dos críticos literários. Agora, não. Deixaram-no em paz, pois concluíram que o que ele faz não é literatura. Conclusão que ele subscreve totalmente…
Tanta lucidez agradou-me e levou-me a ter consideração por este homem, que não tem veleidades em fazer-se passar por aquilo que não é – e que não lhe interessa minimamente. Que lição para alguns dos nosso produtores de ficção, que se julgam literatos eméritos, apenas porque os seus livros tiveram vendas superiores ao habitual!
Dizem as estatísticas que John Grishman é o autor que mais livros vende no mundo: mais de 250 milhões, se contarmos com as traduções, que têm lugar em dezenas de países – Portugal incluído. Portanto, alguém praticamente imbatível, a suplantar Stephen King ou Paulo Coelho. Tanto êxito levou-me a comprar um dos seus romances, em que o suspense decorre de uma acção intensa, feita de intrigas, de traições de que o herói é vítima, enredado que está nas teias da lei, da política e da corrupção. Não tenho a certeza do modo como a história termina, pois não tive coragem de chegar ao fim, mas estou em crer que tudo terminou em bem…
Ora, na revista dominical de “El Pais” de fins de Agosto, vem publicada uma entrevista com John Grishman, que tem por título “Sei que o que faço não é literatura”, e na qual o autor se declara, aberta e legitimamente, como um fazedor de histórias, que têm como única finalidade o entretenimento do público – nunca, um autor literário. Para isso, obriga-se a publicar, no princípio de cada ano, um novo livro, afim de manter viva a chama da publicidade que foi montada à sua volta. Livros que têm sempre os mesmos ingredientes, para não desiludir os seus leitores, que esperam um produto de características conhecidas de antemão.
Diz-nos também que não pode dar-se ao luxo de parar, pois, se o fizesse, tudo o que havia feito ficaria irremediavelmente perdido, ultrapassado. E acrescenta: “No mundo do entretenimento e no da cultura popular, tudo obedece a ciclos, quer se trate de cinema, de música ou de desporto. São ciclos bastante amplos, que não se sabe quanto podem durar. E isso é particularmente verdade no caso da ficção.” O que o leva a ter um horário fixo de escrita diária, a fim de poder produzir, em bom ritmo, os seus “thrillers legais”: “Na nossa sociedade, na nossa cultura, há um apetite insaciável por histórias com um fundo legal. O mundo da lei é algo que fascina toda a gente.” Para ele, o livro ideal é aquele que leva o leitor a devorar as suas páginas sem conseguir parar. A descrição de ambientes, o aprofundamento de estados de alma, de sentimentos, constituem meros distractores de leitura, que os seus leitores não suportariam. Ao princípio, John Grishman sofreu os ataques dos críticos literários. Agora, não. Deixaram-no em paz, pois concluíram que o que ele faz não é literatura. Conclusão que ele subscreve totalmente…
Tanta lucidez agradou-me e levou-me a ter consideração por este homem, que não tem veleidades em fazer-se passar por aquilo que não é – e que não lhe interessa minimamente. Que lição para alguns dos nosso produtores de ficção, que se julgam literatos eméritos, apenas porque os seus livros tiveram vendas superiores ao habitual!
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