Admiro muito quem consegue escrever para infância. Quem entra num outro universo diferente e atravessa fronteiras para comunicar com os mais novos é motivo de admiração. A capacidade de fantasiar, o fazer de conta e o iniciar "Era uma vez ..." são só para os que permaneceram autênticos: os que ainda têm desejos genuínos, os que gostam de estar com os outros, os que recriam um mundo novo para não se conformarem com o que existe, os que tem uma enorme esperança e a certeza que tudo vai correr bem, e que tudo começa sempre de novo, como nas histórias, etc.
Uma das últimas histórias que li (lemos) foi "O dia em que a mata ardeu" de José Fanha. Além de termos conhecido uns horríveis pássaros bisnaus ficamos maravilhados com o livro. Lemos mais do que uma vez. Acho que o Fanha é o meu escritor preferido no género, por mim ele puxa-me para este lado.
Em minha casa tenho uma verdadeira especialista de livros e como por vezes leio com ela antes de adormecer lembro-me daqueles que foram os preferidos e que os li mais de 50 vezes.
"O Dinossauro Belisário" e "Uma Noiva Bela, Belíssima..." levaram-nos ao delírio. Durante muito tempo estes dois livros eram alternados nas leituras.
O Dinossauro Belisário era um ditador que proibiu todas as brincadeiras e jogos mas:
"Fartos desta situação
meninos, mais de um montão
meninas, um pelotão,
mais ou menos um milhão,
marcharam em procissão:
grande manifestação!
Todos juntos, a uma só voz,
berraram: Abaixo o rei!
Abaixo o bicho feroz!
Abaixo o mundo sem lei!
Abaixo esta besta enorme!
Abaixo o seu uniforme!"
"Dinossauro Belisário" de Pepe Cáccamo
"Uma Noiva Bela, Belíssima..." é uma delicada história de amor entre uma costureira de vestidos de noiva e um mecânico. Entre o desejo de ter um vestido dos mais belos do mundo e o seu verdadeiro amor, ganha o verdadeiro amor e que bom ver como acaba e tudo se resolve entre sustos e corridas. Com um final feliz e "...naturalmente, a noiva foi muito elogiada, no seu vestido simples e despojado. Muito, muuuuito elegante." Beatrice Masini.
Teresa, a minha companheira, tem um encanto especial por livros para crianças, especialmente pelas ilustrações, por isso, juntamente com a minha filha cultivam muito esse gosto. Um dos ilustradores que elas me apresentaram foi Gémeo Luís que é de uma simplicidade fantástica e bela, algo de original na ilustração que se caracteriza por uma imitação de recortes em duas cores.
Rébecca Dautremer tem ilustrações de uma beleza excepcional, de uma delicadeza, uma poética que muito me custa caracterizar com palavras. Do livro "Princesas esquecidas ou desconhecidas" ficam aqui uma foto que me parece ser a melhor maneira de mostrar um pouco as belas ilustrações desta senhora. Parece-me que este género literário vive também dos excelentes ilustradores que fazem do livro "a porta".
2 comentários:
Como apaixonada que fui pelo trabalho com crianças, à volta dos livros e, como apaixonada que sou pela literatura infanto-juvenil, foi com muito agrado que li o seu post.
Despertou-me vontade imediata de ler esses livros que aqui recomendou.
Partilho da sua opinião quanto ao livro do Fanha, que trabalhei com os meus alunos numa onda de grande entusiasmo e diversidade de actividades. Vale mesmo a pena ler, nem que seja apenas pelo apelo e pela mensagem que nos deixa. Na mesma linha, recomendo "O dia em que o mar desapareceu".
Deixo a sugestão de fazerem passar, por este canto de encanto, recomendações de leitura para os mais novos (que serão em simultâneo sugestões para os mais velhos, como eu)
Rita Carrapato
Tiago,
Só para dizer que estou de acordo com o comentário e a sugestão da Rita Carrapato.
Acho uma óptima ideia!
Um sorriso :)
Enviar um comentário