Quando o editor Franco Maria Ricci passou alguns dias em Buenos Aires, na companhia de Jorge Luis Borges, sentiu-se motivado a propor-lhe a aventura de dirigir uma colecção de obras fantásticas que veio a denominar-se “A Biblioteca de Babel”. Jorge Luis Borges foi o responsável pela selecção dos contos e abre cada volume com uma introdução à obra e vida do autor seleccionado, bem como com uma apresentação dos contos. A Editorial Presença tem vindo a publicar os volumes desta colecção para meu (e de muitos) deleite. Uma palavra de apreço também para as capas de origem lindíssimas. Já foram publicados 9 volumes dos trinta originais que contemplam autores desconhecidos, esquecidos ou célebres. Para mim, até agora o melhor volume é a recolha de contos de Giovanni Papini, “O Espelho que Foge”. O último volume saído é de Kipling, denominando-se “A Casa dos Desejos”. De entre os contos seleccionados destaco “O Jardineiro”a história do percurso de um jovem órfão criado por uma tia até à sua morte nas trincheiras. A tia vai finalmente visitar a campa num cemitério com 20000 valas. Uma das peculiaridades deste conto é o facto de aí ocorrer um milagre. A tia ignora-o, mas o leitor sabe-o. O segundo conto que destaco é ”A Casa dos Desejos” em que uma senhora narra a outra uma história mágica e dolorosa em que existe uma misteriosa casa dos desejos em que se pode pedir que a casa leve embora uma coisa que atormenta outra pessoa. Os restantes contos, ancorados em batalhas e guerras, não me encantaram tanto.
Apesar de a selecção nem sempre ser homogénea em termos de qualidade (mas quem sou eu para pôr em causa o Borges), esta é sem dúvida uma colecção preciosa.
5 comentários:
Também sou fã da colecção e também acho que o melhor é o Papini. Foi uma descoberta que fiz pela mão do Albano Estrela.
Os contos são extraordinários. Do melhor que tenho lido. E descobri que nos anos 50/60 se publicaram vários livros de contos de Papini e já sei de um alfarrabista na Trindade onde custam 4 Euros cada livro.
Em compensação fiquei muito desanimado com o Chesterton. Tinha lido grandes elogios (nomeadamente do Borges) e, afinal, fiquei bastante aquém da expectativa que tinha.
Parece-me que há escritas que podem valer num momento mas depois perdem o brilho no correr do tempo.
Será este o caso, porventura.
Aceritam-se opiniões contrárias. Quem é que já leu?
Abraços
MEU CARO JOSÉ FANHA,
TAMBEM EU SOU UM LEITOR DE PAPINI.
É UM CONTISTA EXTRAORDINÁRIO E NENHUM DOS LIVROS DEVE DEIXAR DE SER LIDO E RELIDO.TIVE A SORTE DE O MEU PAI SER UM APAIXONADO DO PAPINI E O TER POSTO A MIM- (E AO MEU IRMÃO)- COMO LEITURA OBRIGATÓRIA,QUANDO TINHAMOS 17 ANOS.
TINHA A COLECÇÃO COMPLETA,QUE ESTARÁ COM O MEU IRMÃO.MAS COMO O JOSÉ DIZ É FÁCIL ENCONTRAR NA TRINDADE OU NO INÍCIO DA CALÇADA DO COMBRO "VENTURA E ABRANTES".
SE TIVER DIFICULDADES EU POSSO DAR UMA AJUDA.
ABRAÇO AMIGO
CARLOS V
Caros José Fanha e Carlos V, qual a morada exacta dos alfarrabistas? Fiquei ansioso para poder poder ler Papini de novo!!!!
Quanto ao Chesterton, partilho inteiramente da opinião do José.
Abraços,
Paulo Ventura
CARO PAULO,
NO INÍCIO DA CALÇADA DO COMBRO "LIVRARIA AVELAR MACHADO",NO LADO DIREITO DE QUEM SOBE.NO LARGO DA MISERICÓRDIA HÁ 3 ALFARRABISTAS,"OLISSIPO","ARTES E LETRAS" E "CAMÕES".CREIO QUE OS ENCONTRA.PARA QUE ELES OS PROCUREM PODE DIZER QUE VAI A CONSELHO DO CARLOS VENTURA.
ABRAÇO
CARLOS
Olá a todos!
Há uns 10 anos atrás, pela voz de uma amiga,em Buenos Aires, ouvi pela primeira vez o nome de Jorge Luis Borges.Dez anos volvidos,e depois de ter lido e relido (como o próprio dizia: "o importante é reler")as obras completas de Borges, encontro esta colecção, que como já sabemos foi dirigida pelo próprio. O senhor Papini parece ser consensual entre todos nós (incluindo o Borges que disse ter encontrado neste escritor o mesmo ambiente das suas ficções).
Acabei hoje(17/11/08) a leitura do livro de Villier de L´Isle-Adam (nº6 na colecção) de onde destaco os contos "O convidado das últimas Festas" e "Vera". Também li o do Poe.Fi-lo com bastante satisfação! Nunca li Chesterton. Confesso que talvez por uma influência Borgiana também tenho uma grande expectativa neste escritor. Tenho o livro comigo e depois de o ler deixarei a minha modesta opinião aqui no blogue.Também é habitante da minha estante "A casa dos desejos" do kipling. Alguém leu?
Costumo dizer à minha namorada que não sei se tive a sorte ou o azar de ter começado pelo mestre. Ele também vai ser editado nesta colecção e por isso lá nos entraremos mais uma vez. Qual é a cidade do alfarrabista (Lisboa?!)
Um abraço para todos e boas leituras,
Pedro
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