sexta-feira, 15 de agosto de 2008

"Mais um livro que li com prazer (não é leitura de férias, porque ainda estou a trabalhar)"



«Finalmente, ao fim de muitos anos, aconteceu uma coisa absolutamente inesperada. Por vezes uma pequeníssima mudança é o suficiente. Dissemina-se pela trama imensa de recordações e hábitos que é uma pessoa. Irresistivelmente. E muda toda uma vida. Nada há que permaneça. O mundo real não tem recordações. Vem sem etiquetas.»
Começa assim, Lars Gustafsson, em "A amante colombiana", editada, entre nós, pela Asa em 2001.
«Estava bem, estava esmagadoramente bem. Estava tudo bem. Mas havia também qualquer coisa de desagradável. Esta passagem de uma forma habitual de se relacionar com uma pessoa para outra. Como por acaso, tinha dado o salto de um quase desconhecimento para uma espécie de conhecimento profundo. Tinha saltado por cima de tudo o que se encontrava entre as duas coisas. E esse «entre» era grande como os oceanos e os continentes. Ao mesmo tempo, era justamente o desconhecimento que se tornava aliciante. Dava-lhe um pouco a sensação de se preencher com o conteúdo de outra pessoa. Ou de, por um momento, entregar o seu próprio conteúdo, já por demais conhecido, a alguém totalmente desconhecido.»
É um livro forte e bonito que se lê vorazmente. Gostei muito!!
Lars Gustafsson é o autor de "A morte de um apicultor", também editado, pela Asa.




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