sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Nenhum Olhar


Este livro é um poema. Li palavras, frases, parágrafos que me fizeram tremer. Foram momentos de puro e autêntico prazer. Parece que este livro vem de dentro, muito dentro. Personagens que estão entre o real e o fantástico: Uma voz dentro da arca que diz coisas que viciam as mulheres que a escutem; o velho Gabriel que tem 150 anos e que foi transportado por pássaros impedindo de ir ao funeral dos irmãos gémeos; O Demónio com a sua intriga, cínico; o Gigante - brutal mas que morreu atacado por uma mantilha de cães; A prostituta cega - cegueira que atinge muitas gerações na sua família; A cozinheira que no auge da sua paixão faz cozinhados maravilhosos, visualmente maravilhosos; Os gémeos unidos por um dedo; O escritor que está num quarto sem janela e que só se escuta a sua caneta a escrever num papel será José Luís Peixoto que está presente discretamente no seu livro? No final tudo se precipita para o fim, para esse nenhum olhar que já estava presente.
Este é um livro para saborearmos devagar. Parar para reler um parágrafo, uma página e até um capítulo. Recomenda-se a leitura de todas as letras deste livro.

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