De férias com livros, andei à bolina do blog. Mas atento. Um olho no blog, outro nas leituras. De regresso, começo aqui alguns apontamentos breves. E começo por 3 romances portugueses que se lêem muito, muito bem, o que só por si, é óptimo.
Escrita elegante, sequência dramática muito bem tecida. Simplicidade e eficácia como é normal na escrita de VGM. Um quadro colorido da vida em Lisboa durante a ocupação francesa traçado com imensa finura e saber.
É apaixonante. Mas prometia mais. Embala para uma narrativa a sugerir outro fôlego. E fecha com um truque final como se o autor fosse um deus azedo e mal disposto que resolve pôr um ponto final na história, já farto de brincar com uma figura a que tinha dado dimensão, carne e uma promessa de outros voos.
Em resumo, um daqueles casos relativamente raros de uma narrativa que tinha mangas para muito mais.
O Mário sempre foi um escritor/jornalista que tem de contar uma história e vai direito ao fundamental A sua ternura malandra é sempre deliciosa e incapaz de tratar mal mesmo as piores personagens.
É assim que nos dá o espírito, o cheiro, o tom da época, os anos 50 de um sedutor carregado de uma ingenuidade algo devedora daquela que vem dos filmes portugueses dos anos 30/40 e que faria parte do nosso ambiente lisboeta mais pequenino e provinciano do que cosmopolita e dado aos grandes arroubos de alma. Era um tempo em que ainda se escreviam cartas de amor…
Um ritmo narrativo muito bem conseguido e muito na moda na construção de um puzzle de tempos que se misturam saltando uns por cima dos outros que aqui fazem todo o sentido porque torna ofegante e emaranhada a sequência dos tempos como é pretendido para dar sentido à figura visionária, contraditória, modernista e obsessiva de Duarte Pacheco. Prova de como se pode fazer um belíssimo romance histórico sem pastelices nem moralidades de cordel.
2 comentários:
Muito bem, aqui ficam os agradecimentos pelas sugestões de leitura. Uma dúvida: quem é o autor do romance "Já Não Se Escrevem Cartas de Amor"? Mário...?
Li dois dos livros quem o José refere com prazer e faço minhas as palavras do José. Quanto ao"Já não se escrevem cartas de amor" afastei-me dele pela capa...Mas vou juntar às minhas leituras futuras.
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